Médico sugere menos filhos para salvar planeta 28/07/2008
- BBC
Editorial publicado na última edição da revista científica britânica ¨British Medical Journal¨ afirma que ter menos filhos é uma forma de contribuir para o combate ao aquecimento global.
O artigo, assinado pelo professor de planejamento familiar do University College, de Londres, John Guillebaund, afirma que ¨a população mundial atualmente excede 6,7 bilhões e o consumo de combustíveis fósseis, água potável, colheitas, peixes e florestas excedem a oferta¨.
Segundo o especialista, ¨estes fatos estão relacionados¨, uma vez que cada pessoa que nasce contribui para a emissão de gases poluentes e é impossível escapar da pobreza sem que haja um aumento dessas emissões.
PUBLICIDADE
Guillebaund conclui que ¨aplicar contracepção ajuda, portanto, a combater as mudanças climáticas, ainda que não seja um substituto direto para a redução das emissões per capita de elevados emissores¨.
Mitos
O autor destaca que o senso comum econômico diz que casais pobres muitas vezes preferem ter vários filhos para compensar a alta mortalidade infantil, fornecer mão de obra para aumento da renda familiar e cuidar dos pais quando eles estão mais velhos, fatores que, endossados por agumentos religiosos e culturais, reforçam a aceitação de grandes famílias.
Mas ele afirma que ¨os economistas tendem a ignorar o fato de que relações sexuais no período fértil são mais freqüentes do que o mínimo necessário para ter concepções intencionais. Portanto, ter uma família maior em vez de uma menor é menos uma decisão planejada do que um resultado automático da sexualidade humana¨.
Para Guillebaund, ¨algo precisa ser feito para separar o sexo da concepção - ou seja, a contracepção¨. Mas ele acrescenta que o acesso à contracepção é muitas vezes difícil, devido a abusos por parte de maridos, parentes, autoridades religiosas ou até ¨lamentavelmente¨ fornecedores de anticocepcionais.
O editorial afirma que a demanda por anticoncepcionais aumenta quando eles se tornam acessíveis e quando as barreiras à sua obtenção são derrubadas, acompanhadas de informações apropriadas relativas à sua segurança e uso.
O autor procura derrubar algumas crenças e reforçar outras que haviam sido desacreditadas. Ele lembra que no século 18, Malthus previu que com o aumento significativo da população, a escassez de alimentos seria inevitável.
E que a chamada ¨revolução verde¨, idealizada pelo agrônomo americano Norman Borlaug, aparentemente provou que Malthus estava errado, mas que o significativo aumento populacional vem levando a uma escassez de alimentos sem precendentes, à escalada de preços e a protestos violentos.
Guillebauns enfatiza ainda que das inovações da ¨revolução verde¨, como o amplo uso de fertilizantes, pesticidas, tratores e transporte, hoje também contribuem para o aquecimento global, uma vez que dependem de combustíveis fósseis.