Frustrou-se a quarta tentativa do Ibama de vender os mais de 3.000 “bois piratas”, confiscados em junho.

Marcado para esta terça (5), o novo leilão do rebanho teve de ser cancelado. De novo.

Diz-se agora que os bois irão ao martelo no próximo dia 12 de agosto, terça da semana que vem.


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A verdade, porém, é que o governo já não tem certeza se vai conseguir vender o gado.

Esta quarta tentativa foi inviabilizada pelo mesmo motivo que melara a terceira: uma liminar judicial.

Em 21 de julho, o Ibama estipulara como lance mínimo do leilão a cifra de R$ R$ 3,151 milhões. E nada.

Em 28 de julho, reduziu drasticamente o valor: R$ 1,445 milhão. A Justiça, porém, proibiu o deságio.

O Ibama recorreu. Mas o desembargador que cuida do passivo judicial, Olinto Herculano de Menezes, do TRF-1, ainda não deu um veredicto.

A demora transforma o marketing bovino do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) num pesadelo. Um mau sonho que já invade as arcas da Viúva.

Travestido de ¨pecuarista¨, o governo viu-se forçado a abrir o bolso. Bolso do contribuinte, naturalmente.

Gasta com as diárias de policiais e servidores destacados para vigiar os bois. Gasta também com combustível e com os sobrevôos de helicóptero. Tudo somado...

Torrou-se, até a última sexta (1), cerca de R$ 1 milhão, informou o repórter Hudson Corrêa.

Considerando-se o preço que o Ibama sonha amealhar com os bois (R$ 1,445 milhão), não demora e o pesadelo resultará em déficit.

Há mais: no edital do primeiro leilão havia 3.500 bois. Do segundo edital em diante, só 3.046.

O Ibama alega que a redução decorre de uma recontagem. Estranho. Muito estranho. Estranhíssimo.

Há pior: a reserva ecológica da Terra do Meio, no Pará, onde se encontra o gado, arrosta uma severa seca.

E o rebanho definha. A foto exposta lá no alto, do repórter Valter Campanato, exibe um dos animais sob a guarda do Ibama.

Está, por assim dizer, em estágio de pele e osso. O resto do rebanho não exibe melhores condições.

Não é só: além da liminar que proíbe a venda do gado na bacia das almas, o ex-proprietário do rebanho obteve outra decisão judicial a seu favor.

O pecuarista Lourival Novaes Medrado Santos contesta a apreensão de seus bois. E a Justiça determinou que, ainda que consega vender o gado, o Ibama terá de depositar o dinheiro em juízo.

Significa dizer que o governo só poderá gastar a grana se for vitorioso na pendenga judicial.

Ou seja: não há a garantia de que o produto de uma eventual venda será revertida em favor do Fome Zero, como prometera Carlos Minc.

Nesta segunda (4), o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, admitiu, pela primeira vez, uma hipótese cada vez mais palpável.

Reconheceu que o governo talvez não consiga vender os “bois piratas”. Acena com uma alternativa que parece flertar com um novo desastre.

Diz que os animais podem ser abatidos. A carne seria distribuída em programas sociais do governo. Quem vai matar os bois?

“Há possibilidade de fazermos uma permuta com alguns frigoríficos”, diz Montiel. Quem paga aos frigoríficos?

Não haveria pagamento. O lucro dos matadouros seria a identificação com a causa da responsabilidade social.

Então, tá! Ficamos assim.

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