Militares pedem indenização por combater guerrilha no Araguaia 17/08/2008
- Folha Online
Ao menos 175 ex-militares já ingressaram na Justiça Federal em Brasília com ações contra a União pedindo indenização por danos morais, físicos e psicológicos sofridos durante o combate à guerrilha do Araguaia, na primeira metade dos anos 70, relata Sergio Torres, em matéria publicada na edição deste domingo da Folha de S.Paulo.
Alegam que, por ordem superior, tiveram que participar da captura, guarda e morte de guerrilheiros do PC do B. Outros 425 ex-militares estão prestes a entrar com ações indenizatórias idênticas. Em média, cada um pede R$ 500 mil de ressarcimento, o que soma quase R$ 300 milhões.
Eles afirmam que, passados 33 anos do extermínio dos guerrilheiros, ainda apresentam seqüelas psicológicas originadas do trabalho realizado na Amazônia, segundo eles sem treinamento prévio, sem orientação adequada e em condições insalubres.
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A Advocacia Geral da União não reconhece o direito dos ex-militares de pedir indenização. Para a AGU, os episódios do Araguaia prescreveram cinco anos após os enfrentamentos, e os ex-militares não conseguem comprovar os danos. A contra-argumentação da defesa é de que a prescrição deveria valer a partir da divulgação de documentos oficiais sobre a guerrilha.
Guerrilha
A guerrilha do Araguaia foi um movimento armado organizado pelo PC do B, na região do rio Araguaia, entre 1966 e 1974 contra o regime militar. O movimento visava tomar o poder a partir de uma revolução camponesa que iniciaria na região conhecida como Bico do Papagaio.
Pelo menos 80 militantes do PC do B participaram da guerrilha -- entre eles, o deputado José Genoíno (PT-SP), que foi preso pelo Exército em 1972.
O Exército descobriu o núcleo guerrilheiro em 1971 e fez três investidas contra os rebeldes. A guerrilha propriamente dita começou em 1972. O movimento só foi vencido em março de 1974.
Estima-se que 16 soldados tenham morrido nas operações. O balanço oficial é de sete guerrilheiros mortos. Em seu último balanço, o Ministério da Justiça contabiliza 61 desaparecidos.
Segundo testemunhos, a maioria dos guerrilheiros foi torturada antes de ser assassinada e seus corpos foram escondidos numa ¨operação limpeza¨ feita por militares em 1975
Em 1982, parentes de vítimas da repressão à guerrilha do Araguaia entraram com processo na Justiça contra a União. Eles reivindicavam que o Exército apresentasse documentos para que pudessem obter atestados de óbitos dos parentes mortos.
No entanto, até hoje os arquivos da guerrilha não foram abertos e não se sabe com clareza o número de mortos e o local onde estariam os corpos de desaparecidos.
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Comentário de joel rubens de faria (joelrubens@gmail.com) Em 13/09/2008, 00h41
guerrilha do araguia
data da incorporaçao 16 05 1972, e licenciado em 31 03 1973, tempo do serviço militar, zero ano, dez meses e quinze dias,como defensor da Patria,eu como soldado despreparado para combater guerrilheiros treinados fora do Pais,e que nesta epoca obtevemos um resultado que ficou apagado na memoria de pessoas que nao deram a minima atençao ao risco de morte que enfretamos. Saimos aqui do 36º BIMtz de Uberlandia no dia 10 09 1972,com destino a Xambioa,base Militar para combate à guerrilha.Fomos destacados para missao na floresta entao desconhecida, onde ficamos por mais de 50 dias em missao especial, sendo que parte do 36º batalhao retornou à base em Uberlandia.E outra parte ficou para a assegurar a soberania da nossa Patria. Ao meu, ver se eles tem direitos, a indenizaçao, nos temos tambem,por cumprir o juramento que fizemos em defesa da PATRIA. estou aguardando resposta.