Gestão de destinos, uma atividade-chave 10/09/2008
- Federico Vignati*
A gestão de destinos turísticos é uma nova atividade que vem ao encontro da necessidade de desenvolvimento enfrentada pelo Brasil, assim como por toda a América Latina, onde o turismo vem ganhando importância econômica e destaque na agenda política regional.
Por outro lado, somos testemunhas da importância que o turismo vem adquirindo no âmbito da cooperação internacional, sobretudo nas principais instituições financeiras e de fomento ao desenvolvimento. Organizações multinacionais - tais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, USAID, SNVWorld e Nações Unidas com as suas agências, inclusive a Organização Mundial do Turismo - têm incluído o setor como tema de diversos projetos para a América Latina.
No Brasil, temos experiência suficiente para admitir que o turismo pode ser visto como uma atividade estimulante para o desenvolvimento socioeconômico do País. Mas também é necessário reconhecer que, diferente do que se pensou nas últimas décadas, a atividade não é simples de se organizar, nem um negócio comprometido com a inclusão social ou com a conservação ambiental e cultural dos destinos receptivos.
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O turismo é, de fato, uma atividade econômica como qualquer outra, mas que se sustenta em elementos endógenos de um território. Por isso, torna-se um importante aliado para a criação de oportunidades de emprego formal, autoemprego e na distribuição de renda. Diante do entusiasmo desenfreado com o setor nos últimos anos, aclamado por alguns como atividade salvadora da pobreza, é natural que se procure formas viáveis de estruturação do setor, problemática central da gestão de destinos turísticos.
Neste sentido, a qualificação e a profissionalização dos gestores de destinos turísticos - sejam eles representantes públicos, privados ou de entidades mistas - é um passo fundamental para que o turismo brasileiro possa afirmar-se como uma importante atividade criadora de renda.
Uma informação importante sobre a conjuntura atual é a tendência de desconcentração dos fluxos internacionais de viajantes. Um exemplo: em 1950, 97% das viagens internacionais ocorriam dentro de um bloco de 15 países que dominavam o mercado. Entre eles, Estados Unidos, Canadá, México e nações da Europa.
Hoje, o quadro é bastante diferente. Em 2007, a participação dos mesmos países nesse mercado não chega a 57%. O movimento de abertura para novos destinos, embora seja resultado de competição acirrada, apresenta-se também como uma oportunidade para países em desenvolvimento.
Evidentemente, para que esse processo seja possível, precisa ser estimulado de forma consciente e responsável, buscando ampliar os efeitos positivos do desenvolvimento e, principalmente, equilibrando os interesses econômicos aos ambientais e sociais.
Sem essa perspectiva ética, o turismo, pela sua natureza econômica, pode interferir de forma negativa e resultar em situações irreversíveis de danos ambientais e de exclusão social - e ajudar na manutenção da pobreza de nossa região.
A prática profissional da gestão de destinos turísticos, quando bem instrumentalizada e responsável, é uma alternativa que deve ser considerada para criar efeitos positivos para todos os envolvidos na atividade. Apostando nessa visão, é necessário que sejam feitos investimentos na qualificação desses profissionais.
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*Federico Vignati é diretor do Instituto Brasileiro de Marketing Turístico (Mercotur) e autor do livro ¨Gestão de Destinos Turísticos¨