Indústria diz que BC erra e compromete o futuro do país 10/09/2008
- Folha Online
As associação ligadas à indústria criticaram a decisão do Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) de elevar pela quarta vez seguida a taxa básica de juros neste ano, que subiu de 13% ao ano para 13,75% ao ano.
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse que ¨o aumento é excessivo, impõe custos desnecessários ao conjunto da sociedade e confirma que o governo precisa aprofundar o ajuste fiscal¨.
¨Um corte vigoroso nos gastos públicos reduziria a pressão sobre a demanda e recolocaria a inflação dentro da meta fixada pelo governo¨, afirmou Monteiro Neto. ¨O Brasil precisa ter uma política fiscal de melhor qualidade para aliviar o aperto monetário.¨
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Ele lembrou que a queda nas cotações internacionais das commodities e a conseqüente redução dos preços dos alimentos mostram que as pressões inflacionárias dos últimos meses foram provocadas por fatores externos. ¨Considerando que os efeitos do aumento de juros na economia real ainda não se materializaram por completo e que as expectativas apontam para a queda da inflação, havia espaço para a redução dos juros, sem comprometer o regime de metas de inflação.¨
O presidente da CNI acrescentou que a elevação da taxa Selic prejudicará os investimentos e comprometerá o crescimento da economia.
Para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) a elevação foi um ¨grave erro¨. ¨No mesmo dia em que o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] informa crescimento de 6% do PIB no primeiro semestre de 2008 -- um ensaio ainda tímido quando olhamos os demais países emergentes -- o Banco Central persiste no erro de comprometer o futuro do Brasil¨, afirmou a entidade em nota.
Segundo o IBGE divulgou nesta quarta-feira, a economia brasileira cresceu 6,1% no segundo trimestre de 2008 na comparação com igual período no ano passado. No acumulado do semestre, o incremento do PIB foi de 6% em relação ao período de janeiro a junho de 2007. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, o PIB trimestral cresceu 1,6%.
Para a Fiesp, o governo mantém a política de alta de juros -- com a argumentação de frear a inflação --, com a inflação já sob controle. ¨Os preços caíram lá fora, a inflação se acomodou aqui no Brasil e o prejuízo está causado com os juros ainda mais salgados¨, reclama.
A entidade reforça a idéia de que o aumento de preços ¨não se tratava de uma inflação interna, mas sim importada do exterior em razão dos preços das commodities internacionais, particularmente alimentos¨.
¨De nada adianta falarmos de políticas de desenvolvimento, de resgate da dívida social se, cada vez mais, pelo ralo da dívida interna escoa a fatura perversa de crescentes aumentos de juros. E o pior, sem a menor necessidade¨, afirmou em comunicado Paulo Skaf, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp).