A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) apaga as perdas da semana com a forte valorização desta sexta-feira. O mercado brasileiro acompanha a euforia das Bolsas internacionais com o pacote prometido pelo governo dos EUA para deter a crise dos créditos ¨subprime¨ : enquanto as ações sobem com força, algumas com valorização superior a 15%, o dólar despenca 5%.
O Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, ganha 6,71% e atinge os 51.693 pontos. O giro financeiro está bastante alto para o horário -- R$ 2,63 bilhões -- apontando para a volta dos investidores às compras.
Ao contrário dos dias anteriores, a Bolsa não registra desvalorização entre as 66 ações que compõem o índice Ibovespa. No topo dos ganhos, a ação ordinária da B2W ascende 15,04%. A ação ordinária da BM&F-Bovespa sobe 14,39%, enquanto a ação das Lojas Renner valoriza 14,70%.
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Entre os papéis ¨blue-chip¨ (as mais movimentadas), a ação preferencial da Petrobras avança 4,50%, enquanto a ordinária tem alta de 5,34%; a ação preferencial da Vale ganha 4,85%.
O dólar comercial é cotado a R$ 1,846 na venda, o que representa um decréscimo de 4,35% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 284 pontos, número 12,61% abaixo da pontuação anterior.
Em todas as principais Bolsas do planeta os investidores corrigem violentamente as turbulências da semana. No mercado londrino, o índice de referência FTSE recupera 8,31%; em Paris, o índice Cac sobe 7,30%, enquanto o Dax, da Bolsa alemão, valoriza 4,74%.
Nos EUA, a mundialmente influente Bolsa de Nova York dispara 2,72%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq tem acréscimo de 2,27%.
Socorro para os mercados
Ontem, o mercado financeiro mundial ganhou novo ânimo com as primeiras notícias sobre a disposição de governo dos EUA em lançar um ¨pacote¨ para solucionar de alguma forma o problema do montante de créditos podres gerados ao longo da crise. O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, anunciou que esse ¨pacote¨ será o mais ¨integral¨ dos aprovados até o momento para resolver a restrição de crédito nos mercados internacionais, e que deve ser aprovado pelo Congresso.
¨Este país é capaz de se unir e realizar as coisas rapidamente quando é preciso, pelo bem do povo americano¨, afirmou Paulson.
As autoridades americanas devem divulgar mais detalhes sobre o novo plano para deter a crise no próximo final de semana. A mídia local aponta para a criação de uma agência federal que se ocupasse dos ativos danificados dos bancos.
Ação coordenada
Há pelo menos duas semanas os bancos centrais começaram a intervir pesadamente no setor financeiro como forma de deter a crise que abala as economias centrais e ameaças as emergentes. O ¨ponto de partida¨ pode ser visto na intervenção do Tesouro dos EUA sobre as gigantes do setor hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, entre as principais instituições vitimadas pela crise dos créditos ¨subprime¨.
O mercado respirou aliviado somente por alguns dias. Uma semana depois, a notícia da quebra do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos EUA, precipitou uma ¨crise de confiança¨ já latente no sistema financeiro, num roldão de notícias sobre outras instituições com finanças deterioradas, a exemplo das americanas Merrill Lynch, AIG e da britânica HBOS.
Embora em alguns casos o próprio mercado tenha encontrado uma solução -- a compra do Merrill Lynch pelo Bank of America é um dos melhores exemplos -- ficou razoavelmente patente que seria necessária uma ação pesada e coordenada dos governos.
Ontem, os seis principais bancos centrais do planeta anunciaram um plano bilionário --da ordem de US$ 200 bilhões para injetar liquidez num sistema em que as instituições financeiras desconfiam uma das outras -- porque não sabem qual será a próxima ¨bola da vez¨ -- e onde, portanto, não circulam recursos, o que paralisa o sistema de concessão de crédito, com repercussões diretas no setor produtivo e no consumo.
Para deter o que os economistas chamam de ¨empoçamento de liquidez¨ -- quando o dinheiro pára de circular -- somente o Fed já ¨injetou¨ US$ 1 trilhão no sistema bancário, ao longo de um ano, na forma de empréstimos de emergência, em condições facilitadas para as instituições financeiras.