Em dia de pânico, Bovespa cede 11,75% e dólar crava R$ 2,18 06/10/2008
- Folha Online
A desconfiança de que as medidas tomadas pelos governos americano e europeus não sejam suficientes para deter a crise econômica faz os investidores venderem ações de forma desabalada nas principais Bolsas de Valores mundiais. Com grande influência de investidores estrangeiros, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desaba quase 13% enquanto o câmbio dispara mais de 6%.
O mercado já foi suspenso duas vezes somente nesta manhã -- é a primeira vez que isso ocorre. Pouco depois da abertura, a Bolsa despencou rapidamente e o mecanismo do ¨circuit breaker¨ foi acionado -- às 10h19 -- para evitar oscilações ainda bruscas. Após meia hora de interrupção -- para acalmar os ânimos -- o mercado não melhorou. Em um pregão inundado por ordens de venda, o índice Ibovespa caiu rapidamente 15%, quando o ¨circuit breaker¨ foi acionado novamente -- às 11h44 -- interrompendo os negócios, desta vez, por uma hora.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cede 11,75% e desce para os 39.288 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,73 bilhões. No epicentro da crise, a Bolsa de Nova York despenca 4,77%: o índice Dow Jones, de repercussão global, cai abaixo dos 10 mil pontos pela primeira vez em quatro anos.
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Em um dia de pânico, as ações líderes da Bolsa cedem mais de 10%: a ação preferencial da Petrobras sofre queda de 10,64%, enquanto a ação da Vale do Rio Doce cai 14%.
No grupo de 66 ações que compõem o índice Ibovespa, que respondem por cerca de 90% do volume financeiro do pregão, não há registro de valorização. A ação da Rossi Residencial ocupa o topo das perdas, com baixa de 29,24%, seguida pela ação da CSN, em retração de 28,10%.
O dólar comercial é cotado a R$ 2,180 na venda, o que representa um forte acréscimo de 6,54%. A taxa de risco-país marca 392 pontos, número 10,11% mais alto que a pontuação anterior.
Após a taxa atingir R$ 2,15, o Banco Central anunciou um leilão de contratos de swap cambial no montante de US$ 1 bilhão. Esse leilão funciona como uma venda de dólares no mercado futuro, o que pode suavizar o ritmo de alta das cotações.
As Bolsas européias concluíram os negócios registrando fortes quedas, a exemplo de Londres (baixa de 7,85%), Paris (baixa de 9,03%) e Frankfurt (queda de 7,07%).
Há semanas, o mercado observava problemas no sistema financeiro europeu, mas neste final de semana, os investidores realmente ficaram nervosos com a notícia da situação quase falimentar do banco alemão Hypo Real Estate (HRE).
Para escapar da quebra, o HRE teve que ser salvo por uma operação conjunta entre o governo alemão e bancos privados. Especializado em hipotecas, o HRE também foi afetado em suas contas por carregar os problemáticos créditos imobiliários americanos que estão no centro da crise financeira que abala a economia mundial desde o ano passado.
A situação do HRE reforça a percepção de que as instituições financeiras européias seguem pelo mesmo caminho dos bancos americanos, que anunciaram rombos bilionários e, ou foram ¨engolidos¨ por outros bancos, ou tiveram que ser socorridos pelo governo local.