Dólar chega a R$ 2,27 nos primeiros negócios 07/10/2008
- Folha Online
O mercado de câmbio aponta o dólar comercial a R$ 2,274 para venda já nos primeiros negócios desta terça-feira. A taxa representa um incremento de 3,45% sobre a cotação de ontem. Trata-se da maior cotação da moeda americana desde setembro de 2006.
Ontem, os agentes financeiros tiveram um dia extremamente nervoso: as Bolsas de Valores tiveram quedas históricas, enquanto o câmbio disparou mais de 7%, algo não visto nos últimos nove anos.
Os investidores entraram em pânico com a perspectiva de que a crise financeira, após liquidar com vários bancos nos EUA, comece a fazer o mesmo na Europa, jogando as economias centrais do planeta na mesma ¨vala¨ da recessão.
PUBLICIDADE
O cenário americano continua bastante incerto: o pacote de US$ 700 bilhões finalmente aprovado e sancionado ainda deve demorar meses para irrigar o sistema bancário. Essa espera deixa os investidores em suspense sobre a eficácia real do plano para ¨purificar¨ os bancos mas contaminados pela crise dos créditos ¨subprime¨.
Ontem, a Europa apavorou os investidores, devido ao noticiário do final de semana. Primeiro, pela falta de acordo entre os líderes das maiores nações européias sobre uma ação conjunta para deter a crise no continente. Em segundo lugar, pela derrocada do banco alemão Hypo Real Estate (HRE), salvo pela iniciativa do governo local e de bancos privados.
Especializado em hipotecas, o HRE também foi afetado em suas contas por carregar os problemáticos créditos imobiliários americanos que estão no centro da crise financeira que abala a economia mundial desde o ano passado.
A situação do HRE reforça a percepção de que as instituições financeiras européias seguem pelo mesmo caminho dos bancos americanos, que anunciaram rombos bilionários e, ou foram ¨engolidos¨ por outros bancos, ou tiveram que ser socorridos pelo governo local.
Agenda
Investidores e analistas devem monitorar com atenção as palavras do presidente Ben Bernanke, do banco central americano, com discurso marcado para as 13h30 (hora de Brasília). Pouco tempo depois, às 15h, o BC americano revela a ata relativa a última reunião, do dia 16 do mês passado, quando a autoridade monetária decidiu manter a taxa básica de juros dos EUA em 2% ao ano.
Às 16h, o mercado deve avaliar com cuidado os dados sobre a concessão de crédito ao consumidor americano, um forte indicativo de que a crise financeira já restringiu os recursos disponíveis.
Na agenda econômica doméstica, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) revela o IGP-DI de setembro. Em agosto, o índice apontou deflação de 0,38%. Para o mês passado, analistas estimam variação de 0,27% a 0,30%.