Bolsas despencam pelo mundo; Paris e Moscou suspendem negócios 08/10/2008
- Folha Online
As Bolsas européias vivem um novo dia de quedas expressivas, puxadas para baixo pelo temor de uma crise econômica global --o mesmo que fez a Bolsa de Tóquio cair ao nível mais baixo desde 1987. Em Hong Kong, investidores foram protestar em frente à sede do Bank of China exigindo retirar o dinheiro que perderam em investimentos ligados ao banco americano Lehman Brothers (que quebrou no dia 15 de setembro). Mesmo a ajuda de 50 bilhões de libras (cerca de US$ 87 bilhões) do governo britânico ao sistema financeiro não bastou para impedir que os negócios em Moscou e em Paris fossem suspensos --no caso da Bolsa russa, por dois dias.
Às 7h36 (em Brasília), a Bolsa de Londres estava em queda de 2,90% no índice FTSE 100, indo para 4.471,48 pontos; a Bolsa de Paris caía 3,87% no índice CAC 40, indo para 3.587,72 pontos; a Bolsa de Frankfurt caía 4,90% no índice DAX, operando com 5.065,55 pontos; a Bolsa de Amsterdã tinha queda de 4,81% no índice AEX General, que estava com 294,56 pontos; a Bolsa de Milão caía 3,99% no índice MIBTel, que ia para 17.101 pontos; e a Bolsa de Zurique estava em baixa de 3,52%, com 6.200,75 pontos no índice Swiss Market.
Logo após a abertura, a Bolsa russa caiu 14%, para o menor nível em mais de três anos e o pregão foi suspenso; os investidores no país ignoraram a injeção de US$ 36 bilhões feita ontem pelo governo do presidente russo, Dmitry Medvedev, a fim de tentar evitar uma crise de oferta de dinheiro no país. A Bolsa deve reabrir apenas na sexta-feira (10).
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O governo britânico, na tentativa de evitar que a onda de problemas vista nas instituições americanas no mês passado se repita no Reino Unido, anunciou um plano de resgate de 50 bilhões de libras (cerca de US$ 87 bilhões) para estabilizar o sistema financeiro do país. Também com pouco efeito para animar os investidores a permanecer no mercado. O ministro das Finanças, Alistair Darling, afirmou que os principais alvos da ação são os bancos em crise -- entre eles o RBS (Royal Bank of Scotland).
Os papéis do setor bancário estiveram entre as maiores perdas, com destaque para os do Credit Suisse, BNP Paribas e Société Générale.
Na Bolsa de Paris, os negócios também foram brevemente suspensos, depois que o excesso de ordens de venda de ações inundou o sistema, provocando uma queda de mais de 8%; as ordens de venda ultrapassaram a marca de 35% do valor total das ações que formam o índice CAC 40, disparando a trava automática das negociações.
No Japão, o governo tenta encontrar uma forma de lidar com a crise que fez o Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio -- a principal da Ásia -- caiu 9,38%, aos 9.203,32 pontos, no pior resultado desde 1987. ¨Isso não é normal¨, disse hoje o premiê japonês, Taro Aso. Uma queda assim nos preços das ações ¨está verdadeiramente além da nossa imaginação¨, afirmou. Ele pediu uma resposta efetiva para a escassez de crédito que ameaça dar início a uma recessão global.
A Bolsa registrou o resultado negativo de hoje depois de um outro dia ruim: o Nikkei 225 chegou a perder mais de 5% durante o dia, ficando abaixo dos 10 mil pontos. Em Hong Kong, a polícia teve de intervir no protesto dos manifestantes em frente ao Bank of China; os investidores tentaram romper uma barreira da polícia em frente ao banco, segundo a agência de notícias France Presse.
O Lehman Brothers quebrou no dia 15 do mês passado, depois de tentar encontrar um comprador e de obter financiamento para honrar seus compromissos junto a outras instituições privadas. Mesmo o governo americano não ofereceu ajuda. Com a quebra do Lehman, teve início a onda de desconfiança que limitou ainda mais a oferta mundial de crédito e deu novo fôlego a uma crise financeira que já tem mais de um ano.
Os principais bancos centrais do mundo já ofereceram bilhões de dólares em injeções de recursos no sistema financeiro, a fim de oferecer liquidez ao mercado e evitar novas quebras. Mesmo assim, instituições como Merrill Lynch, AIG, Hypo Real Estate, Bradford & Bingley, Fortis, Dexia entre outras tiveram sérios problemas e acabaram precisando de ajuda dos governos.