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DIA A DIA

Crise financeira mundial pode ajudar Amazônia, diz Minc
08/10/2008 - Raymond Collit e Fernando Exman - Reuters

A desaceleração da economia mundial pode ajudar a brecar o desmatamento na Amazônia por causa da queda no preço de commodities e o Brasil deveria fixar metas compulsórias sobre a derrubada de árvores, afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Minc, 57, disse também no Reuters Global Environment Summit, em Brasília, serem exageradas as suspeitas sobre a ação de organizações não-governamentais estrangeiras na Amazônia.

Alguns nacionalistas do Congresso, das Forças Armadas e do governo afirmam que a crescente presença de estrangeiros naquela região vem minando a soberania brasileira e alimentando o desmatamento.


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¨Eu acho que há exagero nessas acusações. Há realmente algumas poucas empresas e ONGs que estão realmente ligadas a biopirataria. Mas são uma grande minoria¨, disse Minc, referindo-se a grupos que contrabandeiam plantas para laboratórios farmacêuticos desenvolverem novos remédios no exterior.

¨Hoje quem mais desmata na Amazônia infelizmente são os brasileiros¨, afirmou o ministro, usando um dos vários coletes coloridos que se tornaram sua marca registrada.

¨Na verdade, muitas vezes os grandes desmatadores acusam ONGs como Greenpeace e WWF porque eles não estão contentes com as críticas e as denúncias que estão sendo feitas contra eles próprios¨, disse o ministro, que venceu o Prêmio Global 500, da Organização das Nações Unidas (ONU), por seus esforços conservacionistas.

Desde que assumiu a pasta, em maio, Minc, um dos fundadores do Partido Verde no Brasil, passou a combater os criadores de gado e os plantadores de soja que desmatam ilegalmente, suspendeu a construção de barragens e estradas além de promover o gerenciamento florestal como forma de ajudar na conservação da maior floresta tropical do mundo.

A queda no preço das commodities resultante da desaceleração da economia mundial contribuirá para os esforços do governo no combate ao desmatamento, afirmou Minc.

¨É verdade que a diminuição dos preços das commodities diminui a pressão. Mas não queremos depender de um fator externo para proteger a Amazônia¨, disse Minc.

Entre as medidas adotadas pelo governo incluem-se acordos com frigoríficos e madeireiras para não comprar carne e madeira de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia.

METAS

Diplomatas e líderes do setor tentam há anos rejeitar propostas para adotar metas de desmatamento, afirmando que os países ricos precisam se esforçar mais para ajudar na conservação do que vem sendo chamado de o ¨pulmão do mundo¨ por sua biodiversidade, abundância de água potável e habilidade de armazenar carbono.

No momento em que outros países começam a contribuir para o Fundo da Amazônia, a ser lançado oficialmente no dia 21 de outubro, chegou a hora de o governo formalizar sua promessa de reduzir o desmatamento com a fixação de metas compulsórias, afirmou Minc.

¨Eu sou a favor¨, disse a respeito das metas, que o Brasil, segundo crê, pode adotar nos próximos anos.

No mês passado, o governo anunciou a meta voluntária de colocar fim ao coeficiente positivo de desmatamento dentro de sete anos, em especial por meio do plantio de árvores para uso comercial, o que reduziria as pressões sobre os recursos amazônicos.

O Fundo da Amazônia pretende financiar projetos de conservação e de desenvolvimento sustentável.

Depois da promessa de doar 100 milhões de dólares feita pela Noruega, o governo conversa agora com a Suécia, a Coréia do Sul e o Japão. O Brasil espera arrecadar 1 bilhão de dólares dentro de um ano, afirmou Minc.

Alguns países, no entanto, mostram-se relutantes em contribuir com um fundo sem saber como o dinheiro será gasto. Segundo Minc, porém, uma prova de que o dinheiro será bem empregado é que o governo só poderá usar esse montante se reduzir o ritmo do desmatamento durante o ano anterior.

  

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