Dólar dispara nos primeiros negócios e atinge R$ 2,449 08/10/2008
- Folha Online
O dólar comercial é cotado a R$ 2,449 na venda, em disparada de 5,97%, já nos primeiros negócios desta quarta-feira. O mercado reage com pessimismo às medidas emergenciais tomadas pelas principais economias do planeta para enfrentar os desdobramento da crise dos créditos ¨subprimes¨.
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Entenda a evolução da crise que atinge a economia dos EUA
O Federal Reserve (o banco central americano) reduziu a taxa básica de juros dos EUA de 2% para 1,5%, numa ação coordenada com bancos centrais europeus, a exemplo do BC britânico, que também reduziu sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 4,5%.
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Os outros bancos que agiram com redução em suas taxas de juros foram: o Banco do Canadá; o BCE (Banco Central Europeu); o Sveriges Riksbank (da Suécia); e o SNB (Banco Nacional da Suíça, na sigla em inglês).
Ação coordenada
Há semanas, os participantes do mercado financeiro reclamavam de uma ação coordenada das autoridades européias e americanas para enfrentar a crise, que já havia se expandido para além das fronteiras dos EUA e ganhava dimensão global.
Ontem, o Fed e outros cinco bancos centrais anunciaram uma injeção bilionária de recursos, para combater um dos efeitos mais negativos da crise: o corte na circulação de recursos entre os bancos, que param de emprestar por não saber qual a próxima instituição financeira a falir, sob o peso dos créditos que viraram ¨pó¨ e deixaram rombos nos balanços.
Já havia fortes rumores nas mesas de operações de bancos e corretoras sobre uma redução das taxas de juros nas principais economias do planeta, de modo a baratear o crédito e estimular o consumo e investimentos. Operadores do câmbio já comentavam ontem que as medidas poderiam ser anunciadas ainda na quinta-feira, mas a precipitação da crise pode ter acelerado a decisão das autoridades monetárias
O presidente do Fed (o BC americano), Ben Bernanke, havia sinalizado que medidas nesse sentido estavam a caminho ao declarar que o estágio da crise pedia mudanças na política monetária. Essas mudanças, como se soube pouco depois, já estavam em discussão desde meados de setembro. A ata do Fed, relativa à reunião do dia 16 de setembro, mostrava que os dirigentes do banco central dos EUA já cogitavam reduzir os juros.
O mercado, no entanto, vê com reticências as últimas medidas anunciadas pelos governos, porque não resolvem a dúvida central de analistas e investidores: qual o tamanho das perdas nos bancos provocadas pelos problemáticos créditos ¨subprimes¨.
Sem saber o tamanho dessas perdas, e a extensão dos estragos nas instituições financeiras, a crise de confiança, que paralisa a circulação de crédito e agrava os efeitos sobre o restante da economia, não vai embora, afirmam analistas.