Bovespa reabre com queda de 6,21%. NY reduz baixa 10/10/2008
- Agência Estado
Depois de ter os negócios interrompidos pela terceira vez na semana, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) reabriu com queda de 6,21%, aos 34.778 pontos. O circuit breaker foi acionado às 10h34 (de Brasília), quando a Bolsa acumulou uma queda de mais de 10% no dia, aos 33.303 pontos. Trata-se de um procedimento estabelecido pela Bolsa, sempre que o Ibovespa - índice que mede o desempenho das ações mais negociadas - chega a uma queda de 10% em relação ao índice de fechamento do dia anterior. Os negócios ficaram interrompidos por 30 minutos.
O circuit breaker é um mecanismo utilizado pela Bovespa que permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento e o rebalanceamento das ordens de compra e de venda. Esse instrumento constitui-se em uma ¨proteção¨ à volatilidade excessiva em momentos atípicos de mercado, segundo informa a Bolsa.
No momento em que as operações foram interrompidas na Bolsa, as ações ON da Petrobras caíam 8,02% e as ações PN operavam na mínima, com baixa de 11,09%, aos R$ 23,01. Na reabertura, as ações ordinárias da Petrobras caem 2,71% e as preferenciais, 5,72%. Nas maiores baixas do Ibovespa aparecem JBS ON (-16,18%), Cyrela ON (-16,18%) e CSN ON (-13,10%).
PUBLICIDADE
Nos Estados Unidos, as bolsas já abriram o pregão regular em queda livre, o que empurrou ladeira abaixo o Ibovespa - índice que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa. O índice Dow Jones chegou a despencar mais de 7% e o Nasdaq caiu mais de 5%. Às 11h18, estão em queda de 1,59% e baixa de 0,42%, respectivamente.
Bush
Pouco depois da reabertura da Bolsa, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em pronunciamento, afirmou que o governo continuará a agir para restaurar a estabilidade dos mercados. Segundo ele, há ferramentas para resolver a crise financeira. Os mercados não demonstraram nenhuma reação às declarações de Bush. As ações americanas continuam em baixa. Na Europa, Londres cai mais de 7%; Frankfurt tem queda de 6,98%; Paris desaba 7,33% e Madri, 8,12%.
Analistas estão em estado de choque com o rumo que o mercado vem tomando. ¨É impossível precificar qualquer ativo com o mercado desse jeito¨, disse uma fonte. A expectativa é que a evolução da Bovespa seguirá as bolsas norte-americanas. Dadas às condições atuais de mercado, analistas dizem que uma queda do índice Dow Jones ao redor de 2% já ¨seria bom¨. Nas mesas, já se fala na possibilidade de o Ibovespa cair para os 32 mil pontos.
Reuniões no final de semana
Mesmo sem os mercados, o final de semana promete ser agitado. Bush vai se reunir amanhã de manhã na Casa Branca com os ministros das Finanças do G-7 e os presidentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird) para discutir a crise. Uma reunião desse tipo é bastante incomum e demonstra a grande preocupação de Bush.
¨O presidente terá a oportunidade de ouvir diretamente dos ministros das Finanças relatos dos efeitos da crise financeira em cada um dos países e as medidas que estão sendo adotadas para lidar com esses desafios, de forma individual e coletiva¨, disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.
Hoje, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, reúne-se com ministros e presidentes de bancos centrais do G7. Mas ele vem tentando baixar a expectativa sobre o encontro e disse que não espera grandes anúncios. Havia pressão para que fosse anunciado um pacote de resgate global.
´´Os participantes vão comparar as medidas que estão sendo adotadas em cada um dos países´´, disse David McCormick, subsecretário do Tesouro para assuntos internacionais. Segundo ele, não existe solução única para a crise, embora países venham coordenando cortes de juros, injeções de liquidez e garantias em depósitos bancários.
Missão brasileira
Preocupado com a reação do mercado interno às novas medidas do Banco Central (BC) contra a crise financeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou uma reunião de emergência ontem, no Palácio do Planalto, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Henrique Meirelles. No início da noite, Lula já sabia que o uso de reservas do BC para reduzir o preço do dólar teve efeito e a situação no mercado estava ¨um pouco¨ melhor. Mas temia perdas de grandes empresas brasileiras, como ocorreu com a Aracruz e a Sadia.
A convocação obrigou Mantega e Meirelles a adiarem para a noite de ontem a viagem a Washington, onde teriam durante a tarde uma série de encontros com autoridades do governo americano e representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI). Um avião Legacy da Aeronáutica foi posto à disposição dos ministros para a viagem ainda ontem.