Bovespa sobe 14% e NY tem alta recorde. Dólar cai quase 8% e fecha a R$ 2,14 13/10/2008
- Paulo Laier - Agência Estado com Reuters
Após uma semana com perdas históricas nas principais praças financeiras internacionais, os investidores reagiram com otimismo nesta segunda-feira à ação coordenada de vários governos europeus que decidiram no fim de semana colocar em ação um plano de criação de fundos nacionais de recapitalização e de garantias do sistema financeiro. As altas na Ásia e na Europa contagiaram as operações nos Estados Unidos, beneficiando a Bovespa. No encerramento, o Ibovespa registrou 40.829,13 pontos, na máxima do dia, em alta de 14,66% - a maior variação positiva desde 15 de janeiro de 1999, quando o índice subiu 33,4%.
Wall Street também se recuperou da sua pior semana com uma alta recorde diária em pontos nesta segunda-feira, após países em todo mundo sinalizarem que irão inundar de capital os bancos atingidos pela crise para impulsionar o sistema financeiros global. Dow Jones encerrou em alta de 11,08%; Nasdaq valorizou-se 11,81%; e S&P-500 subiu 11,58%. As ações do banco Morgan Stanley dispararam 85%, GM subiu 33% e Ford avançou 24%.
Durante a sessão desta segunda, o Ibovespa chegou a 35.609 pontos na mínima (estável). O volume financeiro somou R$ 5,245 bilhões (preliminar). Apenas para ilustrar, na semana passada, a Bolsa acumulou uma perda de 20%. Nesta segunda, nenhuma das 66 ações que compõem o Ibovespa encerrou no vermelho.
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No Brasil, o Banco Central também anunciou novas medidas que impulsionaram as ações do setor bancário - já influenciadas positivamente pelas suas pares nas bolsas norte-americanas e européias. A autoridade monetária nacional decidiu implementar, a partir desta segunda, um ¨programa de liberação integral dos recolhimentos compulsórios¨.
A medida vai atingir os depósitos a prazo e interfinanceiros de empresas de arrendamento mercantil (leasing) e também a exigibilidade adicional, que atualmente recai sobre os depósitos à vista e a prazo. Segundo a autoridade monetária, a decisão libera até R$ 100 bilhões.Nesse cenário, Bradesco PN subiu 22,13%, Itaú PN valorizou-se 23,37%, Banco do Brasil ON aumentou 20,71% e Unibanco units ganhou 22,77%.
As blue chips da Bolsa brasileira também apresentaram avanços significativos. Petrobras PN ganhou 12,08% e Petrobras ON, +11,66%, beneficiadas ainda pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Na Nymex, o contrato para novembro da commodity subiu 4,49%, a US$ 81,19. No caso das ações da Vale, a elevação nos preços dos metais também corroborou a recuperação dos papéis. Vale PNA subiu 13% e Vale ON, + 13,07%.
Medidas
No domingo, em Paris, líderes dos 15 países que integram a zona do euro afirmaram que irão garantir os empréstimos interbancários até 2009 e permitir que os governos comprem ações de instituições financeiras em dificuldade.
Alemanha, França e outros países europeus divulgaram planos de resgate para recapitalizar seus bancos e descongelar o mercado de crédito, na esteira do anúncio de medidas no Reino Unido para estatizar partes de seu sistema bancário, uma campanha coordenada com a qual irão gastar mais de 1,68 trilhão de euros (US$ 2,28 trilhões), conforme reportagem do Financial Times.
As autoridades britânicas confirmaram o investimento de ? 37 bilhões (US$ 64 bilhões) no Royal Bank of Scotland (RBS), no Lloyds TSB e no HBOS para elevar o capital dessas instituições. E o Federal Reserve anunciou que proverá o que for necessário de recursos em dólar por meio de suas linhas de swap com o Banco Central Europeu (BCE), o Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco da Suíça.
A ¨ousadia¨ européia evitou alguma reação mais morna ao resultado do encontro do G-7, em Washington. Na sexta-feira, o grupo dos sete países mais ricos do mundo mostrou consenso entre os participantes em torno da necessidade de recapitalizar bancos com fundos públicos e privados, garantir depósitos e descongelar os mercados de crédito. Mas não trouxe medidas concretas e ameaçou frustrar os investidores, conforme chamou a atenção relatório de uma importante consultoria internacional enviado a clientes.
Europa e Ásia
Na Europa, os principais índices acionários fecharam com altas expressivas. O londrino FTSE-100 avançou 8,26%. Em Paris, o CAC-40 aumentou 11,18%. O DAX, de Frankfurt, ganhou 11,40%. Na Ásia, a Bolsa de Tóquio não funcionou por feriado no país, mas os outros mercados também fecharam no azul. A Bolsa de Hong Kong subiu 10,2% e a de Cingapura, +6,6%.