Bolsa de Tóquio sobe 14%, maior alta da história. Asiáticas fecham no azul 14/10/2008
- Folha Online
Os mercados da Ásia reagiram positivamente aos anúncios de pacotes bilionários de países europeus para socorrer o setor bancário e à compra de US$ 250 bilhões em ações de instituições financeiras em dificuldades pelo governo dos Estados Unidos. O destaque foi a Bolsa de Valores de Tóquio, que fechou com ganhos de 14%, aos 9.455,62 pontos, os maiores registrados em um único dia em quase 60 anos.
A alta histórica ocorre a menos de uma semana da perda recorde da sexta-feira (10), quando a Bolsa japonesa registrou sua pior queda em 21 anos e a crise mundial fez sua primeira vítima no setor financeiro do país, o grupo de seguros Yamato Life.
¨Não é surpresa que tenhamos uma reaceleração após o clímax das vendas de Europa, EUA e Ásia na sexta-feira¨, afirmou Koichi Ogawa, do Daiwa SB Investments. Para ele, o salto de euforia desta terça está mais ligado a uma cobertura de perdas do que às sucessivas injeções de dinheiro nos mercados mundiais.
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¨Na semana passada o Nikkei [índice que mede os negócios em Tóquio] teve seu pior dia -- com queda de mais de 20% na semana. Agora atinge a maior alta¨, disse Jesper Koll do Tantallon Capital Research. ¨O sistema começa a funcionar. E podemos ver que os créditos rumam para a estabilização.¨
Os principais mercados asiáticos fecharam no azul nesta terça-feira com a euforia causada pelas medidas coordenadas nos EUA e na Europa para diminuir os efeitos da crise.
Na Austrália, o mercado subiu 4% com o anúncio da injeção de mais de US$ 7,4 bilhões do governo para fortalecer a economia e aumentar a liquidez no país. Em Seul (Coréia do Sul), a Bolsa avançou 6,14%, aos 1.367,69 pontos. Em Hong Kong, o índice Hang Seng encerrou o dia com aceleração de 3,19%. A Bolsa de Xangai abriu com alta de 3,16%, mas terminou no terreno negativo, com recuo de 2,71%.
O que ajudou a impulsionar o mercado japonês hoje foi o anúncio de um pacote de medidas do Ministério das Finanças do Japão para estabilizar o país. Entre elas está a injeção de fundos públicos nos bancos regionais.
As medidas estabelecidas foram estipuladas durante a reunião do G-7 (EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão) que aconteceu na sexta-feira passada (10), em Washington. Segundo o anúncio, o governo e o Banco do Japão (BOJ) ¨considerarão¨ e se for necessário ¨suspenderão temporariamente a venda de ações em posse do Estado¨.
¨Há a confiança de que os bancos provavelmente não quebrarão devido aos planos de ajuda financeira, mas depois de algumas altas, nós inevitavelmente entraremos na fase de refletir sobre como isso poderia impactar a economia global¨, disse.
Euforia
Ontem, o dia foi de euforia em diversas Bolsas ao redor do mundo. No Brasil, o Ibovespa, o termômetro da Bolsa brasileira, avançou 14,66% no fechamento e atingiu os 40.829 pontos. Em Nova York, epicentro da crise que se alastrou pelo mundo, o otimismo que pode ser traduzido pelo índice Dow Jones, o mais importante da Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês). O indicador fechou com alta de 936,42 pontos, a maior de sua história, chegando a 9.387,61 pontos -- ganho de 11,08%.
Na Europa, as Bolsas de Valores encerraram a sessão de hoje com valorizações acima de 11%, a exemplo de Paris (11,17%) e Frankfurt (11,40%). Em Londres, o índice FTSE subiu 8,26%.
Entre o final de semana e ontem, os governos europeus ¨atenderam¨ aos pedidos do mercado financeiro e anunciaram uma série de medidas para enfrentar os desdobramentos da pior crise econômica dos últimos 80 anos, na visão de muitos economistas.
As iniciativas anunciadas pelos países europeus podem se desdobradas em: injeção de mais recursos no sistema financeiro; a capitalização de bancos às voltas com grandes perdas, por meio da compras de ações; a garantia dos depósitos bancários, de modo a evitar o pânico e a corrida aos bancos, tal como visto na crise de 1929. No total, o dinheiro reservado para essas medidas supera a casa dos US$ 2 trilhões.
Além dos países da zona do euro, a Inglaterra também tinha anunciado um pacote semelhante de ajuda de 50 bilhões de euros (cerca de US$ 68 bilhões), a serem usados para comprar ações dos principais bancos do país. Já na Rússia, o governo sancionou um pacote de leis para estabilizar os mercados financeiros. Os analistas cifram o plano russo em mais de US$ 150 bilhões.
Nos EUA, o Departamento do Tesouro comunicou que deve comprar ações de um ¨vasto número de instituições financeiras¨, também como parte do seu plano de resgate do sistema financeiro, aprovado no dia 3 de outubro. ¨O único objetivo das autoridades com este plano é restaurar o fluxo de capitais para os consumidores e as empresas que formam o coração de nossa economia¨, afirmou o encarregado do Tesouro para supervisionar o plano, Neel Kashkari.