Bovespa avança 3,42% com anúncio nos EUA; dólar recua para R$ 2,04 14/10/2008
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) opera com recuperação nas primeiras operações registradas nesta terça-feira, mantendo o tom otimista visto ontem. As iniciativas dos governos europeus, e o anúncio de hoje do governo americano, reforçam a disposição dos investidores para voltarem às compras, apostando no que o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman chamou de possível ¨hora da virada¨ na crise financeira.
Os mais de US$ 2 trilhões anunciados ontem por diferentes governos nacionais para resgatar o sistema financeiro e garantir depósitos bancários foram uma injeção de ânimo nos mercados e propiciaram dias históricos para Bolsas de Valores em seus níveis mais baixos em décadas. A Bovespa, por exemplo, fechou em alta de 14,66%, a maior variação desde janeiro de 1999. Hoje, foi a vez da Bolsa de Tóquio, que encerrou o pregão com ganho de 14%, a maior ascensão num só dia em seus 60 anos de história.
E nesta terça-feira, o governo dos EUA reforçou o otimismo do mercado ao anunciar que deve usar US$ 250 bilhões, do pacote de US$ 700 bilhões já aprovado pelo Congresso, para comprar ações de inúmeras instituições financeiras. Detalhes do plano devem ser revelados ainda hoje pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson.
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, avança 3,42% e alcança os 42.019 pontos.
O dólar comercial é cotado a R$ 2,042, em declínio de 4,80% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 475 pontos, número 7,76% abaixo da pontuação anterior. O Banco Central realiza novo leilão de ¨swap¨ cambial às 12h45, o que equivalente a uma operação de venda de dólar no mercado futuro.
Na Europa, as principais Bolsas de Valores operam com valorização acima de 5%, a exemplo de Londres (6,35%), Paris (5,57%) e Frankfurt (5,33%).
Analistas ressalvam que os pacotes podem evitar a quebradeira do sistema financeiro, mas possivelmente não devem impedir a recessão, que bate às portas dos EUA e da Europa: hoje, a General Motors, a maior fabricante de automóveis do mundo, anunciou o fechamento de duas fábricas nos EUA. A Ford Motors deve demitir 500 funcionários. Na Europa, o Banco da França admitiu que o país já está em recessão, após dois trimestres de crescimento negativo do PIB (a soma das riquezas produzidas).
Euforia
Ontem, o dia foi de euforia em diversas Bolsas ao redor do mundo. Entre o final de semana e ontem, os governos europeus ¨atenderam¨ aos pedidos do mercado financeiro e anunciaram uma série de medidas para enfrentar os desdobramentos da pior crise econômica dos últimos 80 anos, na visão de muitos economistas.
As iniciativas anunciadas pelos países europeus podem se desdobradas em: injeção de mais recursos no sistema financeiro; a capitalização de bancos às voltas com grandes perdas, por meio da compras de ações; a garantia dos depósitos bancários, de modo a evitar o pânico e a corrida aos bancos, tal como visto na crise de 1929. No total, o dinheiro reservado para essas medidas supera a casa dos US$ 2 trilhões.
Além dos países da zona do euro, a Inglaterra também tinha anunciado um pacote semelhante de ajuda de 50 bilhões de euros (cerca de US$ 68 bilhões), a serem usados para comprar ações dos principais bancos do país. Já na Rússia, o governo sancionou um pacote de leis para estabilizar os mercados financeiros. Os analistas cifram o plano russo em mais de US$ 150 bilhões.