A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registra perdas já nas primeiras operações desta quarta-feira. O otimismo dos últimos dias, quando a Bolsa subiu 16,7% entre segunda e terça-feira, deu lugar à preocupação com o quadro da chamada ¨economia real¨ (setor produtivo e consumo).
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, desvaloriza 4,18% e atinge os 39.747 pontos. Ontem, a Bolsa fechou em alta de 1,81%.
O dólar comercial é negociado a R$ 2,143, em alta de 2,38% sobre a cotação de ontem. Hoje, o Banco Central programou um leilão de venda de dólares, com um compromisso de recompra.
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As Bolsas asiáticas concluíram os negócios de hoje refletindo o mau humor em Wall Street no pregão de ontem. Em Hong Kong, a Bolsa local fechou em baixa de 4,96% enquanto a Bolsa de Xangai perdeu 1,12%. A exceção foi Tóquio, onde o índice Nikkei ganhou 1,06%. Na Europa, o desânimo com o estado da economia real já se reflete sobre os investidores: em Londres, o índice FTSE cede 4,29% enquanto o índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, cai 3,73%.
O mercado oscila entre o alívio pelos US$ 3 trilhões que devem ser injetados no sistema financeiro pelos governos da Europa e dos EUA, e pelo temor de que as economias centrais devem cair numa recessão. Ontem, a General Motors anunciou o fechamento de duas fábricas nos EUA, enquanto a Ford Motors deve demitir 500 funcionários.
Investidores e analistas também estão nervosos com o início da temporada de divulgação de balanços, quando as empresas, financeiras ou não, devem revelar o tamanho das perdas com a crise atual. Para hoje está prevista a divulgação dos números trimestrais dos bancos JPMorgan Chase e o Wells Fargo.
O banco americano Wells Fargo já revelou que teve lucro líquido de US$ 1,64 bilhão no terceiro trimestre, um queda de 24% sobre o ganho apurado no mesmo período em 2007, ainda assim dentro das expectativas dos analistas do setor financeiro.
A agenda econômica também prevê outros dois pontos de destaque: o discurso do presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Ben Bernanke, no início da tarde, e o notório ¨Livro Bege¨, programado para as 15h (hora de Brasília). O ¨Livro Bege¨ é um documento composto de dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Fed e que serve de orientação para a política monetária do BC americano.
Brasil
No front doméstico, o Banco Central continua acumular iniciativas para prevenir a economia do país contra os piores efeitos da crise global. Por três vezes, o BC já liberou dinheiro no recolhimento compulsório dos bancos e ontem à noite voltou a mudar as regras.
As alterações no compulsório significam uma injeção de R$ 3,6 bilhões, além do direcionamento de outros R$ 5,5 bilhões para o crédito agrícola.
O compulsório é a parcela do dinheiro depositado pelos clientes que os bancos precisam recolher junto ao BC. Esse mecanismo ajuda a autoridade monetária a controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia.