Bolsa fecha em baixa de 1,06% e o dólar a R$ 2,160 16/10/2008
- Folha Online e Agência Estado
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia de fortes perdas na maior parte do dia, mas próximo ao fechamento, o desempenho positivo da Bolsa de Nova York, no epicentro da crise, contribuiu para amenizar a baixa. Os investidores oscilam entre o temor por uma recessão global e a oportunidade de embolsar ações a preços bastante deprimidos: a ação da Petrobras, a mais negociada na Bolsa, está em seu menor nível desde agosto de 2007.
Para analistas, os investidores operam ¨no escuro¨, bastante sensíveis a quaisquer notícias negativas e aproveitando ¨pausas¨ na crise para reavaliar posições.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, retrocedeu 1,06% no fechamento e marcou os 36.441 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,51 bilhões. No pior momento do dia, o índice chegou a apontar baixa de 8,22%.
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Com volume de R$ 1,2 bilhão em negócios, a ação preferencial da Petrobras cedeu 7,50% neste pregão. A ação preferencial da Vale, outro papel bastante influente da Bolsa, caiu 2,12%.
Alguns papéis que foram fortemente castigados nas últimas semanas tiveram um momento de ¨respiro¨ nesse pregão: a ação da Gol é um dos exemplos mais visíveis, valorizando 24,32% hoje.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,163 na venda, em leve baixa de 0,13%. A taxa de risco-país marca 476 pontos, número 3,25% acima da pontuação anterior.
O Banco Central entrou por três vezes no mercado de câmbio, com leilões de venda no mercado à vista e no mercado futuro (¨swap¨ cambial).
O economista José Francisco Gonçalves, do banco Fator, projeta uma taxa de R$ 2 para o final de ano. Em comentário sobre as expectativas para o câmbio, ele defende que o BC ¨deixará de elevar a Selic até o fim de 2008¨ e ¨que a pressão compradora sobre o dólar por parte dos ´vendidos´ deve se manter por mais alguns meses¨.
As Bolsas européias despencaram no fechamento de hoje: em Londres, o índice FTSE cedeu 5,34%; em Paris, o CAC perdeu 5,91%, enquanto o índice Dax, do mercado de Frankfurt, caiu 4,91%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou com ganho de 4,68%.
EUA
O Federal Reserve (Fed, o BC americano) divulgou uma das piores notícias do dia: a produção industrial caiu 2,8% em setembro. Trata-se da maior queda num único mês desde 1974. Analistas do setor financeiro projetavam um declínio de 1,5%. Segundo o Fed, a greve da Boeing e o impacto dos furacões Gustav e Ike influenciaram no desempenho do setor industrial.
Entre outras notícias, o banco norte-americano Citigroup anunciou revelou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões no terceiro trimestre. Em idêntico período no ano passado, esse gigante financeiro havia apurado lucro de US$ 2,21 bilhões. O prejuízo por ação (US$ 0,60) ficou, no entanto, um pouco melhor que a previsão da maioria dos analistas do setor financeiro (US$ 0,70).
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que a inflação medida pelo CPI (preços ao consumidor) apontou estabilidade em setembro, ante uma variação de 0,1% em agosto. Ontem, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), Ben Bernanke, voltou a sinalizar para uma relaxamento da política de juros, tendo em vista a crise financeira. Economistas de grandes bancos de investimentos estimam que a taxa básica americana, hoje em 2% ao ano, pode encerrar 2008 em 1,5%.
Na Europa, o governo alemão reduziu para 0,2% a projeção de crescimento econômico para 2009, contra uma estimativa anterior de 1,2%. A empresa finlandesa Nokia, maior fabricante do mundo de telefones celulares, revelou que o lucro do terceiro trimestre foi 30% menor que os ganhos apurados no mesmo trimestre do ano passado.
Dólar fecha a R$ 2,160
O dólar fechou em leve queda nesta quinta-feira, em sessão de forte volatilidade, acompanhando os movimentos das bolsas de valores norte-americanas em meio às incertezas dos investidores sobre a saúde financeira global e novas atuações do Banco Central no mercado doméstico.
A moeda norte-americana caiu 0,18 por cento, a 2,160 real. Na semana, a divisa acumula baixa de 7,14 por cento.
O dólar, que chegou a subir mais de 3 por cento durante as operações da manhã, seguiu o movimento de recuperação dos mercados acionários de Nova York e reverteu sua tendência nos últimos minutos de negócios.
¨O mercado está bastante volátil e emocional, operando ainda ao sabor das notícias¨, afirmou Luis Piason, gerente de operações de câmbio da corretora Concórdia.
Após o mercado de câmbio fechar, as bolsas norte-americanas intensificaram suas altas e os principais índices encerraram com valorização de mais de 5 por cento, após inverter sua tendência diversas vezes durante o dia. Apesar do bom humor externo, a Bovespa terminou em território negativo.
Piason ressaltou ainda que o cenário brasileiro também é pressionado pela dúvida dos investidores sobre se ainda existem empresas com problemas de posições nos mercados derivativos, que ganham ainda mais força com a chegada da temporada de divulgação de resultados.
No fnal do último mês, a Aracruz e a Sadia divulgaram fortes prejuízos devido a posições equivocadas no mercado de dólar futuro.
¨A coisa não vai se resolver tão rápido¨, disse Mario Battistel, gerente da Fair Corretora. ¨Vamos continuar desse jeito (com grande volatilidade) por um tempo.¨
Nesta quinta-feira, o Banco Central voltou a atuar no mercado cambial, realizando um leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, um leilão de venda de dólares no mercado à vista, e um leilão de swap cambial, em um esforço para conter a alta da moeda norte-americana.
Piason, acredita que as atuações do BC devem ter efeito no médio prazo. Para ele, neste momento, a preocupação maior precisa ser a falta de linhas de créditos para exportadores.
Neste sentido, a autoridade monetária divulgou nesta quinta-feira que poderá obrigar as instituições financeiras que usarem a janela de redesconto a direcionar parte ou o total do volume captado para financiar os exportadores.