Bovespa valoriza 4,02% em trégua da crise; dólar cai para R$ 2,08 17/10/2008
- Folha Online
As ações da Vale do Rio Doce e Petrobras puxam a recuperação da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) nesta sexta-feira, num momento de trégua na crise global. Na cena externa, as Bolsas européias fecharam em alta, enquanto em Wall Street, a Bolsa também registra alta. No câmbio, o dólar recua para R$ 2,08, após o governo ter anunciado medidas para ajudar os exportadores.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa, ganha 4,02% e marca 37.906 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,41 bilhões.
A ação preferencial da Petrobras, com volume de R$ 468 milhões, valoriza 7,52%. Com negócios de R$ 352 milhões, a ação preferencial da Vale do Rio Doce sobe 6,98%.
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Em Nova York (Nymex), o barril de petróleo bate US$ 73,36 nos negócios de hoje, em alta de 5%. Ontem, a commodity foi negociada abaixo de US$ 70, com a perspectiva de uma recessão global.
O dólar comercial é negociado a R$ 2,081 na venda, em decréscimo de 3,79% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 478 pontos, número 0,42% acima da pontuação anterior.
O Banco Central anunciou que vai leiloar dólares para ajudar no financiamento das exportações no país. Nas últimas semanas, várias empresas que atuam no segmento de comércio exterior reclamavam que a crise financeira havia reduzido o crédito disponível na praça e elevado o custo da ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio).
No mercado de câmbio, profissionais de bancos e corretoras já comentavam que o governo poderia anunciar a qualquer momento medidas para ajudar os exportadores, o que poderia garantir alguma tirar pressão sobre as cotações. Operadores nas mesas já relatavam casos de empresas que, premidas por compromissos, estavam fechando operações de compra e venda de moeda ¨a qualquer preço¨.
Na Europa, as ações do setor petrolífero também ajudaram as Bolsas de Valores a recuperarem terreno hoje. Os papéis de empresas como BP, Total e Royal Dutch Shell contribuíram para a Bolsa de Londres fechar em alta de 5,22%, enquanto o mercado de Frankfurt subiu 3,42%.
Nos EUA, a Bolsa de Nova York, que operou instável na maior parte do dia, firma tendência e valoriza 2,04%.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou hoje que o volume de licenças para construção de residências caiu 6,3% em setembro, para uma cifra anual de 817 mil unidades, a mais baixa em 17 anos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu hoje que vai levar algum tempo até que as instituições financeiras voltem a funcionar regularmente, mas que ¨o povo americano pode confiar em que isso acontecerá¨.
O ¨Bundestag¨, a Câmara dos Deputados alemã, aprovou nesta sexta-feira, em uma medida urgente, um pacote de 500 bilhões de euros (aproximadamente US$ 670,4 bilhões) para resgatar o sistema financeiro.
À semelhança de planos já anunciados no Reino Unido e no EUA, o dinheiro também deve ser aplicado para capitalizar bancos por meio da compra de ações, de modo a estimular a circulação de recursos na economia, num momento de crise de confiança no sistema bancário.
Empresas
A Aracruz Celulose revelou um prejuízo líquido de R$ 1,642 bilhão no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 260,9 milhões em idêntico período em 2007. A receita financeira líquida da empresa, que foi de R$ 141,3 milhões no terceiro trimestre de 2007, virou uma despesa financeira líquida de R$ 2,462 bilhões no trimestre passado.
A Sadia reconheceu que pode registrar seu primeiro prejuízo, no balanço de 2008, em 64 anos. A companhia comunicou perdas de R$ 760 milhões com operações de câmbio, afetadas pelas turbulências do mês de setembro. Nesse período, a taxa passou de R$ 1,63 para R$ 1,90.