Bolsa encerra semana dramática com queda de 0,12%. Dólar fecha a R$ 2,120 17/10/2008
- Epaminondas Neto - Folha Online
A recuperação dos preços das commodities (matérias-primas) ajudou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a se manter valorizada na maior parte do pregão desta sexta-feira. O último pregão da semana somente não encerrou com viés positivo porque, próximo ao fechamento, o mercado começou a acompanhar Nova York, que concluiu em baixa de 1,4%.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,12% no fechamento, aos 36.399 pontos. A Bovespa concluiu uma semana bastante turbulenta -- em que subiu 14,6% (na segunda-feira) e caiu 11,4% (na quarta) -- com alta moderada de 2,2%.
A ação preferencial da Petrobras, com volume superior a R$ 800 milhões, valorizou 3,56%, num dia em que o barril do petróleo bateu US$ 71,85. Ontem, a commodity chegou a ser cotado abaixo de US$ 70. O mercado antecipou o possível corte da produção. O cartel de países produtores (Opep) deve ser reunir em caráter emergencial na próxima semana.
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¨Hoje nós tivemos um dia um pouco mais calmo, foi somente isso. As commodities subiram e a nossa Bolsa ainda é bastante atrelada a essas matérias-primas¨, comenta Daniel Doll Lemos, analista da corretora Socopa.
Ele avalia que a volatilidade pode reduzir um pouco nos próximos dias. ¨Quando as ações são excessivamente penalizadas como agora, alguns investidores começam a comprar novamente, pensando em um prazo mais longo. Pode ser que nos próximos dias, a ponta de compra comece a ficar um pouco mais equilibrada¨, acrescenta, lembrando que as oscilações dessa semana foram ¨além dos níveis aceitáveis, e com certeza, de qualquer parâmetro histórico¨.
O dólar comercial foi negociado a R$ 2,120 na venda, em declínio de 1,98%. A taxa de risco-país marca 495 pontos, número 4% acima da pontuação anterior.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou hoje que o banco vai leiloar dólares para ajudar no financiamento das exportações no país. Nas últimas semanas, várias empresas que atuam no segmento de comércio exterior reclamavam que a crise financeira havia reduzido o crédito disponível na praça e elevado o custo da ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio).
¨A decisão de liberar dólares das reservas internacionais, com direção determinada aos exportadores, juntamente com as demais atuações do BC no câmbio, devem amenizar eventuais pressões negativas externas sobre o câmbio doméstico e reforçar as positivas¨, avaliou Miriam Tavares, diretora da corretora AGK, em seu comentário periódico sobre mercado financeiro.
As Bolsas européias fecharam com fortes ganhos, a exemplo de Londres (5,22%), Paris (4,68%) e Frankfurt (3,42%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York registra alta de 1,59%. Em Nova York, a Bolsa fechou em baixa de 1,41%.
EUA
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou hoje que o volume de licenças para construção de residências caiu 6,3% em setembro, para uma cifra anual de 817 mil unidades, a mais baixa em 17 anos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu hoje que vai levar algum tempo até que as instituições financeiras voltem a funcionar regularmente, mas que ¨o povo americano pode confiar em que isso acontecerá¨.
O ¨Bundestag¨, a Câmara dos Deputados alemã, aprovou nesta sexta-feira, em uma medida urgente, um pacote de 500 bilhões de euros (aproximadamente US$ 670,4 bilhões) para resgatar o sistema financeiro.
À semelhança de planos já anunciados no Reino Unido e no EUA, o dinheiro também deve ser aplicado para capitalizar bancos por meio da compra de ações, de modo a estimular a circulação de recursos na economia, num momento de crise de confiança no sistema bancário.
Empresas
A Aracruz Celulose revelou um prejuízo líquido de R$ 1,642 bilhão no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 260,9 milhões em idêntico período em 2007. A receita financeira líquida da empresa, que foi de R$ 141,3 milhões no terceiro trimestre de 2007, virou uma despesa financeira líquida de R$ 2,462 bilhões no trimestre passado.
A Sadia reconheceu que pode registrar seu primeiro prejuízo, no balanço de 2008, em 64 anos. A companhia comunicou perdas de R$ 760 milhões com operações de câmbio, afetadas pelas turbulências do mês de setembro. Nesse período, a taxa passou de R$ 1,63 para R$ 1,90.