Governo diz que vai ajudar construtoras 18/10/2008
- Agência Estado
Preocupado com o risco de interrupção do crescimento do setor de construção civil, o governo prepara medidas para socorrer as construtoras que fizeram lançamentos no mercado imobiliário e, com a crise internacional, ficaram sem dinheiro em caixa e sem crédito para terminar os empreendimentos.
A Caixa Econômica Federal poderá dar garantias aos financiamentos concedidos por outras instituições financeiras às empresas. O banco estatal - líder no financiamento imobiliário - também vai lançar uma linha especial de crédito para as construtoras que tenham bons projetos.
As medidas em estudo visam a preservar o clima de confiança no setor da construção civil, que nos últimos anos teve forte expansão e agora está enfrentando a restrição de liquidez no Brasil e no mundo. Segundo o consultor de habitação da Caixa, Teotônio Rezende, o governo quer garantir a continuidade dos empreendimentos e evitar uma crise de confiança no mercado imobiliário.
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¨Estamos estudando a construção de um instrumento de garantia para dar segurança ao banco que financiar a empresa. Pode ser um seguro¨, disse Rezende. De acordo com ele, o governo já tem a radiografia do problema e vai buscar uma forma de evitar a paralisação dos empreendimentos ¨A preocupação é justamente essa, é estratégico evitar uma crise de confiança que teria um efeito de contaminação muito grande¨, disse.
O consultor da Caixa explicou que essas construtoras foram surpreendidas descapitalizadas no ¨contrapé da crise¨. Muitas delas, empresas de capital aberto, fizeram operações de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês, como é conhecida), alavancaram um volume muito grande de recursos e aplicaram na compra de terrenos e no lançamento dos projetos. Com a crise, ficaram sem os recursos para viabilizar a construção do empreendimento.
O diagnóstico do governo é que boa parte dessas empresas acreditou que essa porta de entrada de dinheiro continuaria aberta e investiram tudo na compra de terrenos. Fizeram uma aposta arrojada no lançamento de empreendimentos imobiliários e, agora, com a volatilidade da Bolsa de Valores e queda do preço dos ativos, enfrentam uma situação financeira muito difícil, na avaliação dos técnicos.
¨Esse é o grande imbróglio a ser resolvido: elas não têm os recursos para viabilizar a construção do empreendimento¨, acrescentou o consultor, com a ressalva de que esse quadro não representa uma situação generalizada no sistema. Ele não descarta nem a proposta de que as empresas que se mantém capitalizadas e com acesso ao crédito possam comprar outras empreendedoras.
Teotônio Rezende comentou, ainda, que, neste momento, não basta simplesmente ampliar a oferta de dinheiro. ¨É preciso fazer algo diferente do convencional¨, sugeriu. ¨Uma coisa é ter dinheiro, outra é bancar o risco do mercado¨, disse o consultor da Caixa.
Longe dos EUA
Para ele, como as empresas podem estar fragilizadas financeiramente, os bancos poderão passar a exigir garantias adicionais para a concessão do empréstimo. Por isso, a necessidade de definir instrumentos que permitam a construção de um modelo de garantia.
¨O que os Estados Unidos e a Inglaterra estão fazendo é colocar bilhões inimagináveis para socorrer o sistema. Estamos a anos luz do tamanho dos problemas deles, mas temos problemas aqui. Alguma coisa diferente do convencional tem que ser feito¨, enfatizou.
A linha especial em estudo será aplicada no financiamento de ¨bons projetos de empresas sérias¨ que, eventualmente, por conta da mudança do cenário, ficaram sem liquidez. ¨O que se está buscando é uma linha de crédito que permita que essas empresas continuem operando¨, explicou ele.
O tamanho da linha não está definido. ¨A radiografia completa não está pronta, mas temos uma visão suficiente para tomar decisões¨, afirmou. Mesmo com o agravamento da crise, a Caixa vai manter a meta de desembolsar R$ 23,4 bilhões em crédito de habitação neste ano. A perspectiva para o próximo ano é aumentar esse volume. ¨Não há falta de recursos. Se tiver demanda para R$ 40 bilhões, nós temos caixa suficiente para bancar¨, disse o consultor.