A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) inicia as operações desta terça-feira em terreno negativo. Ontem, os mercados viram com otimismo a possibilidade de um novo pacote anticrise nos EUA e hoje, o BCE (Banco Central Europeu) anunciou uma nova injeção bilionária de recursos no sistema financeiro.
Analistas vêem com reservas a possibilidade de que a Bolsa possa repetir os ganhos de ontem, mesmo com uma eventual repetição do ¨bom humor¨ de segunda-feira. Os preços internacionais das commodities, que sempre influenciam a Bolsa brasileira, mostram queda, a exemplo do petróleo: o barril cai de US$ 73 para US$ 71 em Nova York (Nymex).
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas da Bolsa, retrocede 3,35%, aos 38.119 pontos. Ontem, a Bolsa teve forte alta de 8,36%.
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O dólar comercial é cotado a R$ 2,181 na venda, com acréscimo de 2,63% sobre a cotação de ontem. O Banco Central programou um leilão de ¨swap¨ cambial para as 12h45, mas o montante dos contratos oferecidos (10 mil) foi considerado de pouca monta para influenciar a formação das taxas de câmbio.
As Bolsas asiáticas fecharam em alta, ainda repercutindo o bom humor dos mercados na jornada de ontem. A Bolsa de Tóquio encerrou o dia com a terceira alta seguida, de 3,3%. As exceções foram Hong Kong, com declínio de 1,84%, e Xangai, com baixa de 0,78%. Na Europa, a Bolsa de Londres perde 0,93%, enquanto o mercado de Frankfurt cai 1,90%.
O BCE (Banco Central Europeu) liberou mais US$ 500 bilhões para o sistema bancário europeu, para ampliar a oferta de dinheiro e facilitar as operações de crédito. O dinheiro surge num momento de melhora dos ânimos com relação à crise financeira que abala a economia mundial.
Ontem, o investidores viram com alguma expectativa o recuo das taxas de juros praticadas entre os bancos no mercado internacional. A redução da ¨taxa Libor¨ (taxa de juros interbancários internacional) foi vista como o primeiro e mais claro sinal de melhora da ¨crise de confiança¨ que paralisou a circulação de recursos no sistema bancário e ¨secou¨ o crédito para empresas e consumidores.
O anúncio de que o governo americano pode preparar outro pacote de auxílio econômico, provavelmente da ordem de US$ 150 bilhões, também animou os mercados. Essa combinação de possíveis boas notícias, no entanto, não tira a ansiedade pela temporada de divulgação de balanços, tanto aqui quanto nos EUA.
Hoje, a empresa de TV por assinatura Net revelou um prejuízo de R$ 64 milhões no terceiro trimestre, ante expectativas de que pudesse apurar lucro de R$ 6 milhões no período. O balanço da empresa mostrou o impacto da valorização do dólar sobre o real sobre o resultado financeiro, num período em que a taxa de câmbio disparou de R$ 1,59 para R$ 1,90. E ontem à noite, a Gol admitiu uma perda de R$ 225 milhões no trimestre, também devido ao impacto das dívidas da empresa em moeda estrangeira.
Nos EUA, a Yahoo!, a Apple e a Pfizer também devem divulgar seus balanços hoje. Números muito piores do que o esperado pelo mercado pode desanimar investidores.