Bolsas da Ásia desabam com mau resultado de empresas 23/10/2008
- Folha Online
As Bolsas da Ásia voltaram a cair nesta quinta-feira com o mau resultado de grandes companhias. A temporada de divulgação de balanços corporativos aumentou o temor de que a crise financeira tenha atingido a economia real.
O Nikkei, indicador que mede os negócios da Bolsa de Valores de Tóquio (Japão), afundou 6,6% no começo da manhã com o iene forte e o temor dos investidores com uma recessão global. ¨Agora temos uma situação onde investidores não podem negar em admitir o espalhamento da recessão global¨, afirmou Kenichi Hirano, da Tachibana Securities. ¨Um iene forte também é perigoso para exportadores japoneses pois pode diminuir seus lucros.¨
Em outros mercados locais, a Bolsa de Xangai (China) caiu 2,35% na abertura e Hong Kong, 4,70%. No meio da manhã (hora local), todas as Bolsas operavam no vermelho: Austrália, em -3,80%; Coréia do Sul, em -8,46%; na Indonésia, -4,19%.
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Nos Estados Unidos, a Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês) fechou em baixa de 5,69%, indo para 8.519,21 pontos no índice Dow Jones Industrial Average, enquanto o S&P 500 caiu 6,1%, para 896,78 pontos. A Bolsa tecnológica Nasdaq teve baixa de 4,77% no indicador Nasdaq Composite, indo para 1.615,75 pontos.
Na Europa, o dia foi igualmente fraco: a Bolsa de Londres caiu 4,46%; a de Frankfurt teve baixa de 4,46%; e a de Paris caiu 5,10%.
Em um dia bastante turbulento, o Ibovespa -- índice que mede os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo -- encerrou o pregão em baixa de 10,18%, aos 35.069 pontos. Com volatilidade, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) interrompeu o pregão pela sexta vez em pouco mais de 20 dias na jornada de ontem.
¨Um dos fatores [que ajudou a derrubar a Bovespa] foi essa medida provisória do governo para estatização dos bancos, que pegou muito mal no mercado. Passou a impressão de que há instituições financeiras realmente com problemas¨, afirmou Boris Kogan, operador da corretora Walpires.
Estatização
O governo anunciou que autorizou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirirem participações em instituições financeiras no país sem passar por um processo de licitação. O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que muitas instituições financeiras estão com problemas de caixa no país.
¨Não tem banco quebrando no Brasil. Isso não isenta o sistema financeiro de problema de liquidez. Se não tivesse, o BC não estaria devolvendo o compulsório, não haveria compra de carteira¨, afirmou ele.
Mantega também afirmou que caso algumas instituições financeiras sejam estatizadas, esses bancos devem ser revendidos, dentro das normas da medida provisória publicada hoje. ¨É uma medida que responde à necessidade do momento, de crise de liquidez internacional que tem alguma repercussão no Brasil. Depois de restabelecidos o crédito, essas instituições poderão ser revendidas¨, afirmou o ministro.