Bovespa cede 3,44%; dólar cai para R$ 2,25 após ação do BC 23/10/2008
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registra perdas significativas já nas primeiras operações desta quinta-feira. Os investidores estão nervosos com a ¨contaminação¨ da economia real pela crise financeira, demonstrada a cada balanço trimestral divulgado por empresas americanas e européias. As Bolsas internacionais desabaram e o câmbio, que chegou a bater R$ 2,52 na primeira hora de negócios, cedeu para R$ 2,25 após o anúncio da maior intervenção do Banco Central desde o início da crise. O risco-país dispara.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocede 3,44%, para os 34.162 pontos.
O dólar comercial atinge R$ 2,254 na venda, em baixa de 5,21%. A taxa de risco-país marca 729 pontos, número 7,68% acima da pontuação anterior.
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O Banco Central, que havia programado um leilão de ¨swap¨ cambial para o horário das 12h45 às 13h, aumentou a oferta, em comunicado divulgado nesta manhã. A autoridade monetária vai oferecer US$ 50 bilhões desses contratos, que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro. Essa será a maior intervenção do BC no câmbio desde o início da crise.
Em comunicado à imprensa, a diretoria do banco afirmou que ¨os swaps, assim como as operações com reservas e os empréstimos em moeda estrangeira com garantias, constituem mecanismos eficientes de atuação e continuarão a ser utilizados na medida em que o BC julgue necessário, com vistas a assegurar o bom funcionamento dos mercados¨.
Hoje, o estresse começou pelas Bolsas asiáticas e se espalhou rapidamente pelos mercados europeus. Em Tóquio, a Bolsa local fechou em queda de 2,46%; em Hong Kong, o índice de ações Hang Seng caiu 3,55% na conclusão dos negócios. Na Europa, a Bolsa de Londres perde 2,43%; em Frankfurt, o índice Dax recua 3,05%.
Ontem, o mercado teve um dia bastante turbulento, quando investidores se frustraram com os balanços do trimestre já divulgados, que mostraram lucros bastante depreciados ou perdas bilionárias. O dólar fechou a R$ 2,38, em alta de quase 7%, enquanto a Bolsa encerrou o pregão em queda de 10,18%, não sem antes interromper o pregão pela sexta vez em menos de 30 dias. ¨O fato de ter fechado o pregão com uma queda dessas não é realmente um bom sinal. A questão é, depois de um momento como esse, sempre pode haver algumas correções¨, comentou Boris Kogan, operador da corretora Walpires.
Continuando a temporada de divulgação de balanços, estão previstos a revelação dos números da Iberdrola, da JetBlue e da Microsoft, entre outras. No front doméstico, a expectativa é pelo balanço da Vale do Rio Doce.
Entre as primeiras notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que aumentou em 15 mil pedidos o total de solicitações de auxílio-desemprego, que somou 478 mil na semana passada. Analistas do setor financeiro trabalhavam com estimativas de um total de 470 mil pedidos para o período. Para economistas, é um sinal de desaquecimento econômico forte quando essas solicitações de auxílio-desemprego são superiores a 400 mil pedidos.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a inflação medida pelo IPCA-15 foi de 0,30% em outubro, ante 0,26% em setembro. O número bate com as expectativas de bancos e corretoras divulgadas até ontem. O IPCA-15 é considerado como um indicador prévio do índice de preços utilizado no regime de metas do governo: o IPCA.