Dólar fecha a R$ 2,30. Bovespa acentua perdas e desaba 5,26% 23/10/2008
- Folha Online
À força de pesadas intervenções do Banco Central, a taxa de câmbio encerrou a jornada desta quinta-feira com forte queda de 3,15%, o que aponta para um dólar de R$ 2,305 na venda. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado a R$ 2,410, com decréscimo de 3,98%.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) acentuou as perdas e desaba 5,26%, acompanhando o mau humor das Bolsas internacionais. Nos EUA, a Bolsa de Nova York retrocede 1,72%.
O Banco Central fez sua ação mais agressiva no mercado de câmbio desde o início da crise financeira. A instituição financeira anunciou hoje que vai iniciar um programa de venda de até US$ 50 bilhões em contratos de câmbio (swap cambial) para reduzir os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira.
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Pouco antes, a autoridade monetária promoveu dois leilões de venda de dólares, praticando uma operação na seqüência da outra, num período em a taxa de câmbio chegou a bater R$ 2,52 no momento de maior estresse, quando as Bolsas de Valores desabavam.
Perto das 13h, a autoridade monetária realizou dois leilões de ¨swap¨ cambial. Em um deles, programado desde ontem, a instituição ofereceu 16 mil contratos, previstos para vencer em janeiro de 2009, tomados na íntegra pelos bancos. Esses contratos oferecem proteção aos investidores contra a alta da moeda e, portanto, tendem a diminuir as pressões sobre a cotação.
O BC também promoveu um leilão de última hora, com oferta de 30 mil contratos de ¨swap¨ cambial, a vencer em, dezembro deste ano, que também foram aceitos integralmente pelo mercado.
¨Esses leilões do BC [de ´swap´] foram importantes para acalmar o mercado¨, comenta Marcos Trabold, gerente de câmbio da corretora B&T. ¨O problema não é pelo lado do câmbio comercial. A questão tem a ver com o mercado futuro¨, acrescenta. Ele lembra que, provavelmente, muitos agentes financeiros ¨apostaram¨ contra o dólar o início do segundo semestre, mas que foram surpreendidos pelas turbulências de setembro.
Para sair dessa ¨aposta¨, foram forçados a adquirir dólares, no mercado futuro ou à vista, o que reforçou a disparada das cotações vista entre setembro e outubro. O câmbio continua a sofrer com os ¨solavancos¨ com as especulações no mercado futuro, principalmente porque permanece desconhecido o tamanho das posições de empresas nesse segmento.
¨Traçando um cenário otimista, a rodada de resultados das empresas desse trimestre pode trazer alívio a esta incerteza¨, comentam os economistas da Ativa Corretora, Arthur Carvalho e Marcos Fantinatti, em relatório sobre o mercado de moeda. ¨A principal conclusão que podemos tirar é que adicionar incerteza sobre o câmbio em um ambiente de incerteza acaba por prejudicar o nível de preço do ativo¨.
Investimento estrangeiro
Entre outras notícias, o BC informou que o nível de investimento estrangeiro direto no país continua alto, atingindo US$ 6,258 bilhões em setembro. Trata-se do segundo maior resultado da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947. ¨Esses ingressos que estão sendo registrados agora são decisões que podem ter sido tomadas lá atrás. No investimento direto, o olhar é sempre de longo prazo¨, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
As contas financeiras continuam a ser a grande ¨válvula de escape¨ do dólar: os investimentos em carteira (no mercado financeiro) registram saída de US$ 1,246 bilhão, a maior parte (US$ 1,877 bilhão) pela Bolsa de Valores.