Bolsas da Ásia abrem a sexta-feira em queda 24/10/2008
- Folha Online
Nem o fechamento com ganhos da Bolsa de Nova York, ontem, animou as Bolsas de Valores da Ásia, que abriram e operavam em queda nesta sexta-feira. Segundo analistas, a cautela dos investidores com uma crise global faz com que muitos evitem comprar ações e saiam do mercado. Além disso, continuam a preocupar os maus resultados de balanços corporativos de grandes empresas.
O índice Nikkei, que mede os negócios em Tóquio (Japão), abriu em baixa e, no fim da manhã (hora local), caía 5,16%. No país, a grande preocupação é com as exportadoras: ¨A economia japonesa, que cresceu levada pela demanda externa, a desaceleração na Europa e nos EUA atinge diretamente o mercado¨, afirmou Takahiko Murai, da Nozomi Securities.
Na Austrália, o mercado recuava 1,57%, enquanto na Coréia do Sul, a queda era de 4,60%. O Hang Seng, de Hong Kong, retraía 3,21% no fim da manhã. Xangai baixava 0,40%.
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Nesta sexta, os países do leste da Ásia decidiram criar um fundo comum de US$ 80 bilhões para combater a crise financeira. Segundo um membro do governo da Coréia do Sul, o fundo será usado pelos membros da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático).
Dirigentes sul-coreanos, chineses, japoneses e outros 10 membros da associação acertaram a criação do fundo em um encontro em Pequim, disse o porta-voz do presidente Lee Myung-Bak. ¨Lee, os primeiros-ministros chinês, Wen Jiabao, e japonês, Taro Aso; e dirigentes concordaram que é preciso reforçar a cooperação regional diante da crise financeira mundial.¨
Ontem, o presidente da Comissão Européia (órgão executivo da União Européia), José Manuel Durão Barroso, pediu o apoio da China e do restante da Ásia para responder à crise financeira, na véspera de uma cúpula que reunirá 43 chefes de Estado e de governo de ambos os continentes.
¨Precisamos da Ásia e, particularmente, de países como China, Índia e Japão¨, disse Durão Barroso, em entrevista coletiva em Pequim, na véspera da abertura de uma cúpula Ásia-Europa (Asem).
Bolsas
A Bolsa de Nova York registrou desvalorização na maior parte do dia, mas virou perto da conclusão das operações. O índice Dow Jones valorizou 2,02% no fechamento.
As Bolsas européias concluíram os negócios sem direção definida: em Londres e Paris, os mercados subiram 1,16% e 0,38%, respectivamente. Em Frankfurt, a Bolsa recuou 1,12% no fechamento.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendou seu terceiro dia de desvalorização, acumulando perdas de 14,3% em apenas três dias. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, recuou 3,57% no fechamento e desceu para os 33.818 pontos, no menor patamar desde 20 de junho de 2006. O giro financeiro foi de R$ 4,41 bilhões.
Cenário
Entre as principais notícias do mercado nesta quinta, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que aumentou em 15 mil pedidos o total de solicitações de auxílio-desemprego, que somou 478 mil na semana passada. Analistas do setor financeiro trabalhavam com estimativas de um total de 470 mil pedidos para o período. Para economistas, é um sinal de desaquecimento econômico forte quando essas solicitações de auxílio-desemprego são superiores a 400 mil pedidos.
Reforçando o alcance global da crise, o Banco Central de Hong Kong anunciou uma injeção de US$ 500 milhões no mercado de câmbio. Na França, o presidente Nicolas Sarkozy anunciou a criação de ¨fundo de intervenção¨ para intervir em companhias com problemas de caixa.
Além disso, o ex-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) Alan Greenspan, que dirigiu o órgão entre 1987 e 2006, disse acreditar que os Estados Unidos estão no meio de ¨um tsunami creditício¨.
Durante o período no qual Greenspan liderou o Fed, acelerou-se nos Estados Unidos a eliminação de regulações, e diminuiu a aplicação das que ficaram de pé, enquanto nos mercados financeiros multiplicaram-se novos ¨instrumentos¨ de especulação.
Greenspan disse que ¨está em choque e não pode acreditar¨ como os bancos e as empresas financeiras não se vigiaram e controlaram a si próprias, que é com o que ele e outros responsáveis de supervisão no governo americano contavam.