Bovespa fecha em baixa de 0,51% e registra quarto pior mês desde 1968 31/10/2008
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) alternou entre altas e baixas no último pregão do mês, sem conseguir encerrar outubro em território positivo. O mercado chegou a mostrar fôlego para superar uma bateria de notícias desfavoráveis, tanto no exterior quanto no front doméstico mas, perto do encerramento, investidores optaram por permanecer fora da Bolsa. Com o resultado de hoje, a Bovespa acumulou seu quinto mês consecutivo de perdas. O câmbio atingiu R$ 2,16 no fechamento de hoje e tem valorização de 13,4% no mês.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,51% no fechamento e alcançou os 37.256 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,77 bilhões.
Segundo levantamento da consultoria Economática, trata-se da melhor semana (ganho de 18,35%) dos últimos dez anos, o quarto pior mês da história (perdas de 24,8%), considerando a criação do Ibovespa (em 1968) o e pior ano (retração de 41,68%) só perdendo para o desempenho registrado em 1972.
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O dólar comercial foi negociado a R$ 2,160 na venda, em alta de 2,61% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 420 pontos, número 9,09% abaixo da pontuação anterior.
No mês, a taxa de câmbio acumula valorização de 13,44%; em 10 meses, a cotação subiu 21,55%. E somente nesta semana, o preço da moeda americana teve queda de 7,18%.
¨Esses últimos dois meses foram típicos de uma fase de transição entre a euforia [do primeiro semestre] e a depressão [psicológica]. Parece que ´caiu a ficha´ no mercado de que o mundo vai crescer menos¨, nota Marcelo Ribeiro, analista da Pentágono Asset Management.
Ele nota que, pela lado financeiro, o governo americano já fez grandes esforços para equacionar o problema em bancos e instituições financeiras ¨Na economia real, infelizmente essa crise só está início. No Brasil, as empresas já tomaram um susto com a falta de capital de giro¨, acrescenta.
Analistas notam que o mercado de ações brasileiro continua sem chances reais de recuperação com a ausência do capital externo. Outubro é o quinto mês em que o saldo de investimentos estrangeiros é negativo: as vendas de papéis superam as compras por R$ 5,15 bilhões (até o dia 28).
As Bolsas européias encerraram o pregão de hoje em alta, a exemplo de Londres (1,22%), Paris (2,32%) e Frankfurt (2,43%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 1,57%.
Vale
A Companhia Vale do Rio Doce foi a fonte de uma das piores notícias do dia, que derrubou a Bolsa por algumas horas durante o pregão de hoje. A mineradora informou hoje que vai reduzir sua produção de minério de ferro e outros minérios e subprodutos devido à desaceleração da economia global. A medida afetará atividades da empresa localizadas nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amapá, além de plantas industriais e minas no exterior.
¨Estamos antecipando férias coletivas em minas mais antigas, que produzem minério com menor qualidade. O momento é de priorizar caixa, reduzir produção, fazer o dever de casa e as manutenções necessárias. É um período limitado¨, disse o presidente da Vale, Roger Agnelli no Rio.
Ele disse que não há como mensurar os possíveis impactos no balanço da mineradora no último trimestre do ano, já que outros fatores, como o câmbio, vêm influenciando decisivamente os resultados da empresa.
EUA
Entre outras notícias importantes do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o nível de consumo das famílias americanas caiu 0,3% em setembro, ante expectativas dos analistas, que apontavam retração de 0,2%. Ontem, o governo americano revelou que o PIB do terceiro trimestre teve uma redução de 0,3%, afetado, principalmente, por um retrocesso nos gastos das famílias de 3,1%, uma variação não observada desde 1980.
Ainda nos EUA, a Universidade de Michigan comunicou que o Índice de Confiança do Consumidor caiu em outubro, de 70,3 em setembro para 57,6 no mês corrente. O número bate com as projeções dos analistas, que estimavam leitura de 57,5 pontos. O indicador é visto como um instrumento para antecipar tendências de consumo nos EUA.
O Banco da Espanha informou que o PIB local retrocedeu 0,2% no terceiro trimestre deste ano com relação ao trimestre anterior, a primeira queda registrada nos últimos 15 anos. O crescimento anualizado do PIB foi de apenas 0,9%, a metade que o registrado no segundo trimestre.