SLC prevê terra mais barata e menos gastos com expansão 02/11/2008
- Roberto Samora - Reuters
A recente queda nos preços das commodities agrícolas em relação aos recordes registrados neste ano deve pressionar o valor da terra no Brasil, e assim a SLC Agrícola espera manter seus ousados planos de plantio gastando menos em 2009 do que o previsto anteriormente, disse o diretor-presidente da empresa.
¨Acreditamos que o preço da terra vai cair, pela relação com o preço da commoditiy¨, disse à Reuters o executivo Arlindo Moura, admitindo que a idéia é que, investindo menos, a empresa possa incorporar no ano que vem a mesma quantidade de áreas previstas em seu plano estratégico.
Os preços da terra, assim como as commodities, atingiram valores recordes no país neste ano.
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Em meio à crise de crédito global que afetou não só as commodities mas os mercados acionários, a SLC, uma das companhias que mais crescem em área plantada no mundo, ampliando o plantio em 50 mil hectares por ano, busca se enquadrar aos tempos de menor liquidez.
Pois, mesmo mantendo os planos de expansão, está revisando os gastos previstos para o ano que vem.
¨Tínhamos um plano maior do que pretendemos fazer. O nosso histórico de investimento, para cumprir o programa, era 300 milhões de reais por ano. Já fizemos isso nos dois últimos anos. Mas nesse último ano (2009) vamos revisar¨, declarou o diretor-presidente, acrescentando que o valor total a ser gasto ainda está em ¨fase de análise¨.
Para a safra atual, (2008/09) a empresa confirmou seus planos de plantar 220,8 mil hectares, alta de 29,4 por cento em relação à área cultivada na temporada anterior, e para 2009/10 serão 50 mil hectares a mais, a mesma previsão feita antes da crise.
A empresa -- controlada pela família Logemann e que conta com investidores estrangeiros entre os acionistas minoritários -- planta principalmente soja, algodão e milho, numa proporção de 50, 35 e 15 por cento, respectivamente, e aposta na rotação de cultura como forma de garantir uma boa produtividade.
O executivo da SLC, que anunciou na noite de quarta-feira lucro líquido de 18,5 milhões de reais no último trimestre, aumento de 85,5 por cento em relação ao ano passado, comentou que, mesmo com bons resultados financeiros, ¨cautela nunca faz mal¨ no momento de crise.
¨As empresas que tiverem caixa robusto vão estar aptas para capturar as oportunidades que vão surgir, aquisições de novas fazendas, de alguma outra empresa¨, disse ele.
Com muitos produtores agrícolas tendo problemas de crédito para plantar em suas áreas, segundo Moura, a companhia também vê oportunidades de ampliar os arrendamentos.
¨Compramos muita terra nos dois últimos anos... e temos recebido muitas ofertas de arrendamentos, de colegas produtores que não estão conseguindo fazer o plantio em função de problemas de crédito.¨
INSUMOS NO TETO
Para a safra 2008/09, que está sendo plantada, a empresa informou que todos os gastos já foram quitados, minimizando assim a alta nos preços nos insumos registrada nos últimos meses.
E o diretor presidente da SCL aposta que os insumos, especialmente fertilizantes, que dobraram de preço em relação à safra passada, já atingiram o seu teto. Ele avalia ainda que, considerando que os fundamentos continuam firmes, os preços das commodities também encontraram um piso.
¨A China não vai abrir mão de uma dieta que conquistou, a concorrência de área no mundo continua grande, os estoques continuam baixos no mundo todo... Isso nos faz crer que os preços das commodities já chegaram no seu mínimo e que os preços de fertilizantes já chegaram no seu máximo¨, declarou Moura.