JBS-Friboi vê consumo de carne firme e foca Mercosul 05/11/2008
- Roberto Samora - Reuters
O brasileiro JBS, grupo que mais abate bovinos no mundo, com operações nos Estados Unidos, Europa, América do Sul e Austrália, avalia que a demanda por carne continuará firme, apesar da crise global, e prevê crescer mais suas operações em 2009, focando especialmente o Mercosul.
¨Verificamos que nos últimos anos, em todas as crises, se houve redução no consumo em tonelagem, não houve grandes oscilações¨, afirmou o presidente do JBS, Joesley Mendonça Batista, em entrevista à jornalistas.
Embora avalie que tanto o volume abatido quanto o consumido deva variar pouco nos próximos três a quatro anos, uma vez que a oferta no ciclo da pecuária é ¨inelástica¨, ele admitiu que o preço, ¨de fato¨, pode oscilar, sem dar mais detalhes.
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No terceiro trimestre de 2008, a empresa abateu 2,95 milhões de cabeças de bovinos, aumento de 22,2 por cento em relação ao mesmo período de 2007 e alta de 2,4 por cento ante o segundo trimestre deste ano.
Batista disse ainda que vê nos momentos de turbulência financeira oportunidades para crescer. ¨Temos conseguido produzir resultados nos mais adversos cenários, de farta liquidez ou de falta de liquidez... Temos DNA de crescer e tenho certeza que vamos continuar crescendo¨, afirmou ele.
Entretanto, ele indicou que a empresa não pretende realizar novas aquisições em 2008, aguardando algum ¨tempo para entender o aperto de liquidez¨. ¨Em 2008 não vamos fazer nada, estamos preparados para seguir crescendo em 2009, no Mercosul¨, observou o presidente, destacando que a empresa tem recursos suficientes em caixa. Empresas com problemas financeiros no Brasil e Argentina poderão ser os alvos.
CÂMBIO E EUA REFORÇAM LUCRO
No final da noite de segunda-feira, o JBS divulgou o seu melhor resultado trimestral da história, que atingiu no terceiro trimestre 694 milhões de reais, contra prejuízo de 78,3 mmilhões de reais na mesma época do ano passado e perdas da ordem de 364 milhões de reais no segundo trimestre do ano.
Parte da diferença no lucro veio, segundo Batista, da valorização dos ativos da empresa no exterior, com a alta do dólar frente ao real, e também das operações de hedge para proteger a empresa de tais variações do câmbio --anteriormente, a empresa registrara prejuízos, sem efeito caixa, justamente pelo movimento contrário da moeda brasileira.
Segundo Batista, a empresa, com 80 por cento de sua geração de caixa na moeda norte-americana, ainda não foi beneficiada no operacional pela valorização do dólar, o que deve ocorrer com maior força no quarto trimestre.
De qualquer forma, ele destacou o resultado expressivo das operações de bovinos do JBS EUA, cujo Ebitda (ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 1.441,6 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2007, para 155,6 milhões de dólares, um recorde.
¨A Swift dos EUA (atual JBS) experimentava resultados inferiores ao da indústria. Um ano depois, operamos acima da mediana¨, salientou Batista, lembrando que enquanto as vendas externas totais norte-americanas cresceram 33 por cento este ano, as do JBS aumentaram em 64 por cento.
FORÇA PARA BRIGAR NOS EUA
Durante o terceiro trimestre, o governo dos EUA aprovou uma das aquisições do JBS, a unidade de carne bovina do grupo Smithfield e suas operações de confinamento, negócio este já finalizado. Mas o JBS afirmou que continuará tentando na Justiça dos EUA a aprovação da National Beef, cuja compra foi anunciada em março, juntamente com o negócio da Smithfield, mas bloqueada pelo Departamento de Justiça.
¨Temos um projeto de longo prazo... (A National Beef) é relevante para o aumento de nossa competitividade, para brigar com as gigantes dos Estados Unidos, como Cargill e Tyson. Temos que ter tamanho equivalente para disputar com as gigantes.¨