Bovespa fecha com forte alta de 4,71%; investidor volta às compras 13/11/2008
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) disparou perto do encerramento dos negócios, concluindo o pregão desta quinta-feira em forte alta. As ações líderes, Vale e Petrobras, junto com os papéis do setor bancário, puxaram a recuperação. Nas Bolsas americanas os investidores ¨ignoraram¨ as más notícias e voltaram às compras, numa jornada de muita oscilação. O câmbio, indicador mais sensível do nervosismo nos mercados, cravou R$ 2,36, apesar de uma intervenção pesada do Banco Central.
¨O mercado de commodities [matérias-primas] melhorou bastante nessas últimas horas, o que ajudou a Bovespa a subir. E o bom balanço do Banco do Brasil acabou ajudando as ações dos bancos. O mercado está vendo de forma positiva as ações de bancos nesse momento de crise¨, comenta Rodrigo Silveira, Rodrigo Silveira, gerente de operações da corretora e.um, a ¨home broker¨ da corretora Umuarama.
¨Nós temos que lembrar também que atualmente, ninguém no mercado está de olho nos fundamentos das empresas, somente nos preços. E as ações estão bastante depreciadas. Quando o mercado melhora um pouco, também há um efeito manada no sentido otimista¨, acrescenta.
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Em Nova York (Nymex), o barril de petróleo chegou a bater US$ 55 no pior momento do dia, mas retornou à casa dos US$ 60 com a notícia de que os estoques americanos da commodity subiram menos do que o previsto por especialistas.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, valorizou 4,71% no fechamento e alcançou os 35.993 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,95 bilhões.
A ação da Petrobras, que sozinha movimentou R$ 820 milhões, teve avanço de 2,32%; a ação da Vale ganhou 1,59%. Entre os papéis dos bancos, a ação do Bradesco teve alta de 9,19%, enquanto a ação do Itaú ascendeu 9,18%. A ¨unit¨ (recibo de ações) do Unibanco ficou 10,93% mais cara, enquanto a ação ordinária do Banco do Brasil subiu 6,89%.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,368 para venda, com avanço de 3,40% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 442 pontos, número 1,55% abaixo da pontuação anterior. O Banco Central vendeu dólares por duas vezes, além de oferecer contratos de ¨swap¨ cambial para os bancos. Além dessas operações, o BC também ofereceu linhas aos bancos, com o compromisso de usarem os recursos para financiar atividades de comércio exterior.
¨O mercado continua tendo uma saída forte de recursos. Acredito que muitos grandes fundos [´hedge funds´] estão sofrendo muitos saques lá fora e precisam fazer caixa rapidamente. Por isso, vendem ações por aqui, ganham um pouco na taxa de câmbio e já saem do país´, sintetiza Reginaldo Galhardo, diretor de câmbio da corretora Treviso.
Os investidores ainda enfrentaram a ressaca das declarações de Henry Paulson, secretário do Tesouro americano, que anunciou mudanças no plano de US$ 700 bilhões para auxiliar o sistema financeiro, assustando os mercados financeiros. Hoje, outra bateria de más notícias afetou os negócios, com destaque para o mercado de trabalho americano: a demanda pelos benefícios de auxílio-desemprego superou a marca dos 500 mil pedidos, reforçando a percepção de que os EUA estão em recessão.
Entre outras notícias, o Banco do Brasil revelou hoje que teve lucro de R$ 1,867 bilhão no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 36,9% sobre o mesmo período de 2007. Nos nove primeiros meses deste ano, o lucro líquido do banco foi de R$ 5,9 bilhões, 52,5% de crescimento em relação ao observado no mesmo período de 2007.