Bovespa fecha com retração de 4,54%; ações da Petrobras desabam 18/11/2008
- Folha Online
O investidor não tem encontrado motivos para voltar às compras com o noticiário econômico dos últimos dias e nesta terça-feira, fez a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desabar, com fortes vendas perto do encerramento dos negócios. No câmbio, nem as intervenções agressivas do Banco Central impediram que a taxa retornasse à casa dos R$ 2,32.
Alemanha e Japão, entre outras grandes economias do planeta, já reconheceram que caíram em recessão. Hoje, mais um indicador econômico reforçou a percepção de que a maior economia deve seguir o mesmo caminho: o indicador de preços no atacado dos EUA teve seu pior declínio em 60 anos. Essa foi a notícia que contribuiu para estragar o humor dos investidores na jornada de hoje.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 4,54% no fechamento, aos 34.094 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,20 bilhões.
PUBLICIDADE
As ações líderes da Bolsa, as preferenciais da Petrobras, desabaram 5,86%, movimentando sozinhas R$ 645 milhões. Em Nova York (Nymex), o barril de petróleo caiu abaixo de US$ 55. E hoje, a diretoria da estatal admitiu que projetos devem ser adiados devido ao cenário econômico de crise.
¨Temos que fazer ajustes em projetos que não afetem nossa curva de produção de forma significativa, principalmente para 2009 e 2010. Um pouco mais para a frente, poderá se criar um buraco não muito grande, que vamos recuperar futuramente¨, disse o gerente-geral de Novos Negócios da área de E&P (Exploração e Produção), José Jorge de Moraes Junior.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,327, o que significa um incremento de 2,19% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 470 pontos, número 3,07% acima da pontuação anterior.
Corretores apontam que os negócios com a moeda americana são influenciados principalmente por movimentos especulativos, num ambiente de nervosismo sobre a economia global. ¨Hoje, o mercado está dominado principalmente pelo mercado futuro e pelas tesourarias de bancos¨, comenta Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora de câmbio Fourtrade.
Hoje, os bancos tomaram US$ 1,155 bilhão do montante de US$ 1,5 bilhão oferecido pelo BC em leilão de venda de dólares, com o compromisso de que os recursos sejam usados para financiamento de operações de comércio exterior.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que o PPI (índice de preços no atacado) apontou deflação de 2,8% em outubro ante 0,4% em setembro. Trata-se do maior declínio num mês em mais de 60 anos. Economistas do setor financeiro estimavam uma deflação em torno de 1,8%.
O chamado ¨núcleo¨ do indicador, que é a medida mais influente sobre o mercado, foi de 0,4%, acima das projeções de 0,2% dos economistas do setor financeiro. O núcleo é calculado pela exclusão dos preços mais voláteis: energia e alimentos.
¨A notícia sobre o núcleo não é boa, mas a essa altura do jogo, com juros reais negativos e recessão em curso, não há o que fazer¨, comentou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que as vendas no comércio no país cresceram 1,2% em setembro, na comparação com o mês anterior.
A inflação medida pelo IPC-Fipe, na segunda quadrissemana de novembro --30 dias até 15/11-- teve variação de 0,58% ante 0,57% da leitura na primeira quadrissemana.