No planalto e na região oeste de SC, o problema é a seca 01/12/2008
- José Maschio - Agência Folha
As enchentes no Vale do Itajaí e no litoral não são os únicos problemas da agropecuária catarinense. A crise financeira internacional e a falta de chuvas no planalto e no oeste do Estado de Santa Catarina já preocupam o setor.
¨É um paradoxo. Chuvas torrenciais há mais de 90 dias no Vale do Itajaí e no litoral, e um veranico [período sem chuvas que prejudica a agricultura] de mais de 20 dias no oeste e no planalto. Isso pode expandir os prejuízos a todo o Estado¨, diz Enori Barbieri, vice-presidente da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina).
As enchentes já provocaram perdas de R$ 415,5 milhões no setor. Enquanto isso, a escassez de chuvas atinge as lavouras de soja e, especialmente, as de milho, principal produto agrícola do Estado, com expectativa de produção de 4 milhões de toneladas.
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¨O veranico surgiu exatamente durante a época da floração do milho. E, se não chover nos próximos dias, os prejuízos serão enormes¨, afirma Barbieri.
Para a produção de carnes (aves e suínos), a maioria para exportação, Santa Catarina consome, por ano, 6 milhões de toneladas de milho.
Seca continua
Se depender das previsões meteorológicas, a estiagem deve perdurar no planalto (norte) e no oeste de Santa Catarina nos dez primeiros dias de dezembro, pelo menos, prejudicando o plantio -- já atrasado -- da soja.
A previsão inicial era de produção de 1 milhão de toneladas no Estado.
Segundo Rosandro Minuzzi, agrometeorologista da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), a previsão é de que as chuvas -- em nível satisfatório -- só ocorrerão no oeste a partir do próximo dia 12, daqui a quase duas semanas
¨É uma situação extremamente crítica. O milho que eu plantei já apresenta amarelão nas folhas, fenômeno típico de escassez hídrica, e a soja vai ter que ser replantada, pois o sol quente impediu o crescimento deste grão¨, afirma o produtor Wilson Locateli, 67, de Chapecó (cidade a 583 km a oeste de Florianópolis).
Mauro Zandavalli, secretário municipal da Agricultura de Chapecó, aponta que o oeste é responsável por 35% da produção de grãos de todo o Estado. ¨A estiagem pode aumentar os problemas não só na agricultura como também na avicultura e suinocultura, que dependem dos grãos.¨
O agrometeorologista Rosandro Minuzzi afirma ainda que as chuvas, depois da primeira quinzena de novembro, têm sido isoladas tanto no planalto como no no oeste, ¨com alguns municípios sofrendo mais que outros os efeitos da estiagem¨.
Segundo ele, em Itapiranga (extremo oeste de SC), os produtores convivem com a seca há mais de um mês, desde 13 de outubro.