Depois dos cortes de Vale e Votorantim, governo estuda medidas antidesemprego 04/12/2008
- Gabriela Guerreiro - Folha Online
O governo estuda adotar medidas para conter o desemprego depois do anúncio pelas gigantes industriais Vale do Rio Doce e Votorantim da demissão e das férias coletivas de funcionários em conseqüência da crise econômica.
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta quinta-feira que o governo tem os ¨instrumentos¨ para impedir o aumento do desemprego, mas faz uma avaliação da crise antes de anunciar que medidas serão adotadas.
¨Hoje o governo tem os instrumentos para diminuir a quantidade de desemprego, isso é uma das questões centrais para o governo, não deixar uma queda do emprego que comprometa tudo que conquistamos até agora¨, afirmou.
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Sem adiantar as medidas que poderão ser anunciadas pelo governo para conter o desemprego, Dilma afirmou que a geração de empregos é conseqüência do crescimento econômico. ¨São várias medidas. Ninguém mantém emprego de forma artificial, você mantém se você manter a economia crescendo.¨
A ministra afirmou, porém, que as medidas vão depender de ¨variáveis econômicas¨ e não penas de negociações com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo a ministra, o governo está ¨atento à situação da produção e do emprego¨, além de avaliar os impactos da crise que poderão gerar o anúncio de novas medidas pelo governo.
¨O governo tem conversado com os empresários no sentido de manter a produção e o crédito, agora tem que destravar a questão do crédito para poder de fato ter uma conversa nesse nível com os empresários¨, afirmou.
Na opinião de Dilma, o caminho para evitar o desemprego passa pelos investimentos realizados pelo setor empresarial. ¨Eu acho que é possível colocar essa questão para as empresas, mas no momento de queda da produção é muito difícil você manter a decisão de investir, [mas] há que manter a decisão de investir para manter emprego¨, afirmou.
Dilma minimizou a demissão de 1.300 funcionários da Vale em todo o mundo, sendo 20% em Minas Gerais. Outros 5.500 entram em férias coletivas escalonadas -- 80% em Minas -- e 1.200 estão em treinamento para serem realocados dentro da companhia.
¨A Vale, pelo que eu saiba, anunciou 1.300 demissões fora do Brasil. No Brasil, a informação que nós temos é em número menor, a grande demissão dela é no exterior, não tenho idéia direito de qual é o valor, mas a Vale nos informou que o volume básico da demissão é no exterior, nós vamos tomar todas as medidas para evitar ao máximo desemprego¨, afirmou.
Inflação
A ministra disse acreditar que o Brasil vai sair de um ¨período de pressão de preços derivada do câmbio para uma estabilização dos preços¨, por isso acredita que ¨dificilmente¨ o momento seja de inflação.
¨O mundo inteiro está caminhando para uma redução de preços, nós caminharemos também. Agora no Brasil temos condições melhores, há esse impacto inicial, essa grande freada de outubro e novembro, e todo o trabalho do governo é garantir que haja uma continuidade do investimento que nós possamos crescer 3,5%, 4% no ano que vem. O momento decisivo vai ser o final deste ano e o primeiro trimestre do ano que vem¨, afirmou.