Dólar fecha a R$ 2,47 após cinco intervenções o BC. Ações baratas levantam a Bolsa 0,63% 05/12/2008
- Marcos Antonio Moreira - fazperereca@yahoo.com.br
O mercado de câmbio teve um dia bastante volátil nesta sexta-feira, em que os preços da moeda americana oscilaram entre o pico de R$ 2,62 e o piso de R$ 2,42, ¨forçando¨ o Banco Central a intervir por cinco vezes nos negócios. Nas últimas operações de hoje, o dólar comercial foi cotado a R$ 2,479 -- valor de venda -- o que representa um recuo de 2,24% sobre a taxa de ontem.
Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi negociado por R$ 2,770, um avanço de 4,13%.
O BC vendeu moeda no mercado à vista por três vezes, sem conseguir deter a escalada das taxas, duas vezes pela manhã e mais uma vez à tarde, às 15h. Pouco minutos depois, às 15h15, a autoridade monetária voltou a atuar no mercado de moeda, oferecendo um montante de 30 mil contratos de ¨swap¨ cambial aos bancos, que tomaram 19.420 desse total, numa operação de US$ 951,8 milhões.
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E quase no encerramento dos negócios, às 15h45, a autoridade monetária voltou à carga, oferecendo outros 10.580 contratos de ¨swap¨. Mais uma vez, a demanda ficou abaixo da oferta e os bancos tomaram 7.800 desse montante, numa operação de US$ 374,9 milhões.
O contrato de ¨swap¨ cambial garante ao investidor a variação da taxa de câmbio e é visto como uma alternativa de ¨hedge¨ (proteção) ao dólar à vista. Esses contratos são oferecidos aos bancos como forma de tirar pressão sobre a moeda americana, em momentos de forte aversão ao risco.
Se o banco não quer ficar com o caixa exposto à taxa de câmbio, ele adquire o contrato e repassa o compromisso de arcar com as oscilações do dólar para o Banco Central. O BC, por sua vez, repassa o risco de oscilação da taxa de juros doméstica para os bancos. O contrato é liquidado pela diferença entre a oscilação do câmbio e dos juros no período acordado.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que as intervenções no mercado de câmbio somam quase US$ 50 bilhões desde o 17 de setembro. Hoje, Meirelles disse que a instituição não tem metas referentes à cotação do dólar diante do real. ¨O Banco Central não tem meta para taxa de câmbio, nem defende uma cotação específica¨, afirmou, diante de um platéia de industriais do setor eletroeletrônico.
Juros futuros
Faltando cinco dias para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado futuro de juros voltou a rebaixar os juros futuros para 2009, 2010 e 2011.
No contrato com vencimento em janeiro de 2009, a taxa projetada caiu de 13,52% ao ano para 13,51%; no vencimento de janeiro de 2010, a taxa projetada recuou de 13,67% para 13,32%; no contrato com o vencimento de janeiro de 2011, a taxa prevista cedeu de 14,15% para 13,65%.
A aposta majoritária do mercado financeiro ainda é de que o Comitê vai manter a taxa de juros em 13,75%. Nos últimos dias, porém, ganhou alguma força a corrente que estima um corte da Selic para 13,50%.
Ações baratas levantam Bovespa 0,63%
Perto do horário de fechamento, algumas compras esparsas permitiram que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrasse a semana com sinal positivo, após permanecer boa parte do pregão registrando perdas. Dados da economia americana piores do que o esperado derrubaram as Bolsas mundiais nesta sexta-feira. O câmbio disparou e somente cedeu à força de uma intervenção agressiva do Banco Central.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, subiu 0,63% e alcançou os 35.347 pontos no fechamento de hoje. O giro financeiro continua retraído, com somente R$ 3,58 bilhões de negócios. Nos EUA, a Bolsa de Nova York, que ainda opera, sobe 2,83%.
¨A Bolsa está bastante volátil e chegou a cair 3% hoje e virou com alguma recuperação bem modesta. Nas últimas semanas, parece que o mercado já atingiu algum tipo de ´fundo de poço´ e sempre que a Bolsa chega aos 33 mil, 34 mil pontos, aparecem compradores, que vêem bons negócios em algumas ações¨, nota Roberto Kropp, diretor da Daycoval Asset Management. ¨Agora, nós temos que lembrar que isso [a recuperação da Bolsa] somente acontece porque o volume de negócios está muito baixo, o que dá margem a esse tipo de acontecimento¨, acrescenta.
Empregos
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA registrou uma destruição de 533 mil postos de trabalho em novembro, considerando o saldo entre vagas abertas contra vagas fechadas. O mesmo órgão revisou a estimativa para o mês de outubro: em vez da perda de 240 mil vagas, houve a eliminação de 320 mil. Os números foram bem piores do que economistas do setor financeiro projetavam, em torno de 325 mil postos de trabalho fechados.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em novembro desacelerou para 0,36%, abaixo dos 0,45% verificados em outubro. O número veio bem abaixo das expectativas do mercado -- uma variação de 0,50% -- e reforçou a corrente dos analistas que aposta numa possível redução dos juros básicos ainda neste mês.
Outra parcela dos analistas ainda acredita que o Copom (Comitê de Política Monetária) vai manter a taxa Selic em 13,75%, optando por postergar uma possível redução para o início de 2009.