Donativos continuam a chegar, mas faltam voluntários 08/12/2008
- Dimitri do Valle - Agência Folha
Com o fim das chuvas e o retorno à vida normal na maior parte das regiões afetadas pela inundação em Santa Catarina, há 17 dias, a Defesa Civil do Estado se depara agora com a escassez de voluntários nos centros de recepção de donativos.
De acordo com último balanço da tragédia, são cerca de 27,2 mil desalojados e 5.700 desabrigados, além de 122 mortos e 29 desaparecidos.
O gerente da Defesa Civil de Santa Catarina, major Emerson Emerin, afirma que os donativos continuam sendo enviados de todo o país, mas que não há número suficiente de pessoas para recepcioná-los nas cidades atingidas, fazer toda a triagem do material e ajudar no transporte às famílias que estão nos abrigos.
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Em Florianópolis, por exemplo, apenas seis pessoas trabalhavam na tarde de ontem para recepcionar carretas carregadas de mantimentos que chegaram durante todo o dia na Central de Doações.
Depois de anúncios na mídia local requisitando voluntários de emergência, a Defesa Civil conseguiu elevar o número de pessoas na equipe para 20.
Em Blumenau, o problema também ocorre no Parque Vila Germânica, que centraliza o recebimento dos donativos. Os caminhões fazem fila para descarregar no lado de fora do parque, o que fez a Defesa Civil do município colocar anúncios com apelos para a inscrição de mais voluntários. Em troca, os voluntários terão almoço e jantar custeados.
Emerin estima que o envio de doações de mantimentos prosseguirá em ritmo acelerado até o próximo final de semana. ¨Na maioria dos municípios, com o retorno à normalidade, os voluntários também começaram a ficar em menor número porque todos acabam tendo de voltar à rotina de trabalho¨, diz.
Como a maior parte dos donativos ficará estocada, a Defesa Civil tem planos de formar equipes fixas de voluntários para garantir o envio regular de mantimentos às famílias enquanto permanecerem nos abrigos.
A normalização da vida diária em Blumenau também fez o Exército liberar grande parte da equipe de salvamento aéreo que trabalhou durante o resgate de flagelados em regiões isoladas pela chuva.
Dos cinco helicópteros que estavam no 23º Batalhão de Infantaria, com sede em Blumenau, apenas dois vão ficar de prontidão a partir desta semana.
Decisão de ficar
Na casa do micro empresário Leonardo Schiminelli, 63, a decisão foi permanecer morando no mesmo local, no bairro Velha Grande, onde houve o deslizamento de um morro que matou cinco pessoas, entre elas, a filha de Schiminelli, o genro e a neta de 9 anos.
¨Tem algum lugar para ir em Blumenau que seja seguro?¨, questiona o micro empresário para justificar a decisão de continuar morando na mesma casa, construída quando ele se mudou com a mulher e os cinco filhos depois de perder tudo na grande enchente que atingiu Blumenau em 1983.
¨Me mudei para cá para ver se a gente se livrava de enchente, mas o morro [localizado atrás do terreno onde os filhos construíram suas e que fica a 300 metros da propriedade] desabou e foi engolindo tudo.¨