Falta marketing para carne brasileira 17/12/2008
- O Estado de S.Paulo
O mercado consumidor está cada vez mais exigente. Hoje em dia, certificados e garantias de origem são ferramentas essenciais para comercialização, principalmente quando o destino é o mercado externo. Com a carne não é diferente.
¨No mercado externo o produto carne é cada vez mais procurado pelas marcas, conseqüentemente mais valorizadas¨, avalia o consultor Miguel da Rocha Cavalcanti, diretor de Marketing da Agripoint.
O consultor acredita que, para garantir o aumento da demanda e a valorização da carne no mercado exterior, o Brasil precisa investir massivamente no marketing. ¨Foi o que fizeram os Estados Unidos, difundindo informações sobre o teor nutricional da carne, ensinando a prepará-la, desenvolvendo produtos inovadores. Um trabalho pró-ativo de construção da marca Carne Bovina¨, exemplifica.
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Conforme destacou Cavalcanti em sua palestra durante o 2º Encontro de Produtores do Programa de Modernização da Pecuária de Corte (Moderpec), realizado durante a Feira Internacional do Agronegócio (Fenagro), que terminou na semana passada, em Salvador (BA), a estratégia de marketing passa necessariamente pelo conceito e pela imagem do produto no mercado externo. E é aí que está o gargalo brasileiro.
¨O Brasil precisa de uma melhor coordenação vertical da cadeia produtiva da carne bovina. Essa deficiência torna o setor lento na tentativa de acompanhar as mudanças do mercado, no atendimento às demandas do consumidor moderno¨, explica o consultor.
QUALIDADE E CONSTÂNCIA
Segundo ele, é necessário garantir a qualidade, a uniformidade e a constância da produção e da exportação da carne bovina brasileira. ¨E, claro, divulgar esses êxitos, esses avanços.¨
Mas a estratégia de marketing começa na fazenda, na produção dos animais. ¨A indústria frigorífica tem as estratégias para criar produtos diferenciados, mas não dá para esticar um contrafilé ou amaciar um coxão duro¨, diz a gerente de Marketing do Frigorífico Independência, Carolina Barretto.
¨Três fatores determinam o potencial do produto para ser classificado como diferencial: genética, nutrição e manejo. E eles dependem do pecuarista¨, complementa o gerente de Projeto Especiais do Grupo Marfrig, Roberto Barcellos.
Para Carolina, a criação de programas de classificação de carcaça, por exemplo, que avalia a qualidade da carne e bonifica os pecuaristas pela qualidade do animal, é mais que uma tendência, ¨é uma obrigação¨. ¨O pecuarista tem direito de receber a mais pela qualidade. E é uma forma de a indústria estimulá-lo a produzir em conformidade com o que o mercado quer. Há diferença entre criar boi e produzir carne¨, acredita, destacando que o que falta para o Brasil é fortificar os atributos de seus produtos.
Além disso, Barcellos destaca a importância de o produtor investir na padronização de seu rebanho. ¨É preciso transformar genética, nutrição e manejo em padrão, volume e regularidade. A partir daí, a indústria pode desenvolver novos produtos, novas marcas¨, diz.
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Comentário de Paulo (edudisponivel@hotmail.com) Em 17/12/2008, 22h50
Difícil!!!
A algum tempo atrás participei de uma reunião na Acrimat onde os pecuaristas discutiam sobre o rastreamento de boi e levantei essa questão. Só faltaram me chamar de louco ou inconsequente!!!