Cenário externo derruba Bovespa pelo quinto dia seguido 23/12/2008
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou em queda pelo quinto dia consecutivo nesta terça-feira seguindo o movimento das Bolsas americanas. Por sua vez, o dólar comercial fechou em baixa de 0,29%, valendo R$ 2,388. A taxa de risco-país marca 436 pontos, número 0,90% abaixo da pontuação anterior.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 3,05% no fechamento para os 36.470 pontos. Com o mercado financeiro esvaziado devido as festas de fim de ano, o giro financeiro ficou em apenas R$ 2,1 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York, ainda aberta, opera em queda de 0,90% e o índice Nasdaq cai 0,71%.
O preço do petróleo na praça de Nova York mantém a trajetória de queda das últimas semanas, com a cotação do barril para entrega em fevereiro caindo 2,33%, para US$ 38,98.
PUBLICIDADE
Segundo Cristiano Souza, economista do Banco Real, hoje foi um dia de baixo volume de negócios, favorecendo que qualquer movimento ganhasse força. Além disso, dados negativos da economia americana influenciaram negativamente o mercado financeiro.
¨Foi um dia negativo para todas as Bolsas¨, afirmou Souza. De acordo com ele, o governo americano apresentará novos dados nesta quarta-feira e a expectativa é que todos mostrem um cenário negativo da economia.
Crise internacional
O governo dos EUA confirmou hoje retração de 0,5% PIB (Produto Interno Bruto) do país no terceiro trimestre. O dado confirma a estimativa anterior, divulgada em novembro, e a fragilidade em que se encontra a economia americana.
Segundo o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês), o país está em recessão desde 2007, apesar de ainda não ter registrado dois trimestres consecutivos de desempenho negativo do PIB. A próxima divulgação, com a leitura referente ao quarto trimestre deste ano, deve ser anunciada no dia 30 de janeiro.
Dados da Universidade de Michigan, divulgados hoje, apontam para aumento na confiança dos consumidores na economia dos Estados Unidos em dezembro na comparação com o mês anterior. O indicador apurado pela universidade ficou em 60,1 pontos, contra 59,1 pontos nos cálculos divulgados anteriormente. Os economistas previam um registro de 58,8 pontos.
Por outro lado, o departamento informou que as vendas de casas novas nos Estados Unidos caíram 2,9% em novembro, a seu nível mais baixo em 17 anos, e as de casas usadas diminuíram 8,6%.
Na agenda doméstica, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou alta de 0,61% para o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) na semana encerrada no último dia 22, o que representa uma queda de 0,12 ponto percentual (p.p.) em relação ao período anterior. O resultado veio em linha com o mercado.
Também no cenário interno, o Banco Central divulgou hoje queda de 9,4% das concessões de crédito em novembro (ante outubro). No ano, a redução é de 4,9%. Para as empresas, a retração foi de 10,1% no mês e para pessoas físicas, de 7,8%.
A média diária de concessões de crédito em novembro, no entanto, teve alta de 4,2% no mês. No acumulado do ano, a média diária apresentou queda de 4,9%.
Segundo analistas de mercado, os resultados apontam para a piora da qualidade de crédito, o que deve ser uma tendência, com prejuízos ao consumo e ao crescimento do PIB do país.