Mercado corta previsão de alta do PIB em 2009 para 2% 12/01/2009
- Fernando Nakagawa - Agência Estado
A estimativa de crescimento da economia brasileira em 2009 caiu com força na pesquisa semanal Focus divulgada hoje pelo Banco Central. No levantamento realizado com cerca de 80 instituições financeiras, a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) cedeu de 2,4% para 2%. Há quatro semanas, a previsão era de expansão econômica de 2,5%. Se confirmado, o número esperado pelo mercado financeiro será menos da metade do previsto para o ano passado, dado que ainda não foi divulgado.
Para 2008, a estimativa de crescimento do PIB caiu ligeiramente de 5,62% para 5,60%. Para 2010, também houve redução e a estimativa cedeu de 3,90% para 3,80%, ante 3,95% de um mês atrás.
No mesmo levantamento, a estimativa de expansão do setor industrial em 2009 diminuiu de 2,70% para 2,50%, ante estimativa de 3% de um mês atrás. Para 2008, a previsão caiu de 5% para 4,49%. Para 2010, a previsão manteve-se em 4,20%, ante 4,28% de um mês atrás.
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Inflação
O mercado financeiro manteve a expectativa de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, deve encerrar 2009 com alta de 5%. Para 2009 o regime de metas de inflação prevê centro da meta de 4,5% com margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Para 2010, a previsão se manteve em 4,5%.
A projeção para o IPCA em janeiro caiu de 0,42% para 0,40% na quarta redução seguida do indicador que estava em 0,55% há um mês. Para fevereiro, a estimativa caiu de 0,53% para 0,50%, ante 0,55% de quatro semanas antes.
Na mesma pesquisa, a estimativa para o IPC-Fipe em 2009 caiu de 4,72% para 4,55%, contra 4,77% de quatro semanas atrás. Para 2010 manteve-se em 4,50% pela 23ª semana seguida.
Câmbio
A pesquisa semanal Focus mostrou elevação das previsões para o patamar do dólar no fim do ano, que passou de R$ 2,25 para R$ 2,30. Há um mês, a estimativa estava em R$ 2,20. Para o fim de 2010, a previsão manteve-se em R$ 2,25 por dólar, ante R$ 2,20 de um mês atrás.
Não sofreu alteração a previsão de câmbio médio no decorrer de 2009, que permaneceu em R$ 2,25. Há um mês, essa estimativa estava em R$ 2,20. Para 2010, a previsão de dólar médio subiu de R$ 2,21 para R$ 2,24, contra R$ 2,20 de um mês atrás.
Selic
O mercado financeiro está mais confiante de que o juro básico deve cair durante 2009. Na pesquisa Focus divulgada hoje pelo BC, analistas aumentaram a previsão de corte da taxa Selic no decorrer do ano de 1,75 ponto para 2 pontos porcentuais. Com isso, a expectativa para o patamar do juro no fim do ano caiu de 12% para 11,75% ao ano. Há um mês, essa previsão estava em 13%, o que indicava expectativa de redução de 0,75 ponto porcentual.
Na pesquisa, analistas mantiveram a previsão de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve reduzir a Selic em 0,50 ponto na reunião marcada para os dias 20 e 21 de janeiro. Com isso, a taxa deve cair para 13,25% na próxima semana.
Na avaliação do mercado, o BC deve realizar outros cortes de 0,50 ponto porcentual nas reuniões de março, abril e junho. Com isso, a taxa fecharia o período de cortes em 11,75%. Até a semana passada, analistas previam a redução de 0,50 ponto em março. Depois, os cortes seriam de 0,25 ponto nos meses de abril, junho e julho. Dessa forma, o mercado ajustou as previsões e passou a prever reduções mais expressivas - de 0,50 ponto - por um período mais curto - até junho. Antes, a previsão era de cortes mais brandos - de 0,25 ponto - em período ligeiramente mais longo - até julho. Para o fim de 2010, a estimativa para o patamar dos juros caiu de 11,50% para 11,25%, ante expectativa anterior de 11,78% de um mês atrás.
Contas externas
O mercado financeiro não alterou as previsões para o déficit nas contas externas em 2009 e 2010, conforme a pesquisa Focus. A previsão para o déficit neste ano manteve-se em US$ 25 bilhões, abaixo da expectativa de US$ 30 bilhões registrada há um mês. Para 2010, a previsão de déficit manteve-se em US$ 30 bilhões, ligeiramente inferior aos US$ 30,65 bilhões previstos há quatro semanas.
Na pesquisa, a previsão de superávit comercial em 2009 manteve-se em US$ 14,5 bilhões, ante estimativa de US$ 14 bilhões registrada quatro pesquisas antes. Para 2010, a estimativa para o saldo comercial subiu ligeiramente de US$ 13 bilhões para US$ 13,35 bilhões, acima dos US$ 12 bilhões previstos há um mês.
Analistas também elevaram ligeiramente a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2009, de US$ 23 bilhões para US$ 23,81 bilhões. Para 2010, a estimativa manteve-se em US$ 25 bilhões. Quatro pesquisas antes, o mercado esperava, respectivamente, ingresso de US$ 22 bilhões e US$ 25 bilhões em cada um dos anos.