Venda de veículos deve cair 11% este ano, estima diretor da GM 13/01/2009
- Deise de Oliveira - Folha Online
O vice-presidente da General Motors no Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, prevê a venda de 2,5 milhões de veículos neste ano, contra 2,82 milhões em 2008. Com a queda de 11% nas vendas, segundo estimativas do executivo, o mercado automotivo deve voltar aos patamares de 2007, quando foram negociadas 2,46 milhões de unidades.
Para Pinheiro Neto, apesar da retração, o quadro não é ¨dramático¨. Ele aposta que a oferta de crédito e a confiança do consumidor serão restabelecidas.
¨Eu não sou catastrofista. Tem gente dizendo que vai cair para menos de 2 milhões, sem nenhuma base. A situação não é tão dramática. Hoje, há uma situação de crédito, de confiança [abalada]. E acaba readquirindo essa confiança. É uma situação passageira¨, disse o executivo.
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Na semana passada, em coletiva de imprensa sobre os números finais da indústria em 2008, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) não divulgou estimativas para este ano.
Pinheiro Neto avalia como positivo o mercado em 2,5 milhões --ante vendas de 2,8 milhões em 2008 e previsões para aquele ano de 3,2 milhões. ¨Eu acho positivo. Se extrapolar o que aconteceu até setembro, as vendas iam para 3,15 milhões. Sua excelência o mercado virou. Hoje, você não tem mais as verdades definitivas. (...)¨, diz Pinheiro Neto.
Segundo dados da Anfavea, as vendas de veículos em setembro do ano passado somaram 269.700 unidades, contra 177.800 em novembro, o pior mês do ano. Em dezembro, foram vendidos 194.486.
¨O mercado vira muito rápido. Esse catastrofismo generalizado não tem fundamento, até por falta de credibilidade. A GM vendeu 550 mil unidades em 2008. O mercado brasileiro hoje é o quarto ou quinto do mundo. Ignorar isso não é razoável, não é justo. Não acho que esteja tudo azul. Mas também não acho que seja uma situação tão negativa¨.
Para Pinheiro Neto, as medidas anunciadas pelo governo no final do ano passado (de IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados, zero para carros de motor 1.0 e redução para motorizações maiores) foram determinantes para a melhora do quadro no último mês de 2008. ¨As medidas do governo foram muito ágeis e funcionaram. O quadro seria muito pior [sem elas]¨, disse o executivo, que se esquivou de traçar um cenário para a partir de março, quando as medidas deixam de valer, e de informar se a prorrogação será pleiteada pela indústria.
¨A situação de reduzir imposto é excepcional, até porque no Brasil, você comprava um carro médio e pagava dois, um para nós e outro para o governo. E falo em redução, desde que vá para o preço, não para aumentar o lucro [das empresas]. E hoje com a concorrência tão acirrada e estoques tão elevados, essa salutar competição só beneficia o consumidor¨, afirma Pinheiro Neto.
Para reduzir os estoques e esvaziar o pátio das montadoras, o vice-presidente da GM aponta, além da redução de impostos, o incentivo à renovação da frota no país.
¨Há medidas estruturais, como redução de imposto, renovação de frota e logística [para estimular as vendas]. Há muita coisa que pode ser feita sem mudar a legislação¨.
Dispensas
Ontem (12), a GM acertou a dispensa de 744 profissionais em São José dos Campos, no interior de São Paulo (a 97 km da capital). Segundo Pinheiro Neto, a medida atinge contratos de trabalho temporários, em fim de prazo e em andamento, e é consequência da desaceleração do mercado.
Atualmente, a GM tem 6.000 funcionários em São Caetano em férias coletivas. Em Gravataí, as férias foram antecipadas em uma semana. ¨Eram três semanas, serão duas. Lá, fabricamos o Celta e o Prisma, que foram extremamente beneficiados pelo IPI. É a história do mercado¨, diz o executivo.
Quanto ao futuro dos demais contratos temporários em vigor na empresa (ao todo são 2.500), Pinheiro Neto desconversa.
¨Não temos previsão [de que contratos não sejam renovados]. Qualquer coisa que eu diga será mero achismo. Não há decisão.