Bovespa fecha com avanço de 0,49% mas perde 5,4% na semana 16/01/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou a jornada desta sexta-feira com recuperação moderada. Em uma semana de números bastante pessimistas sobre a economia dos EUA, o mercado optou por focar nas iniciativas do governo dos EUA para salvar os bancos e enfrentar a recessão no "lado real". O câmbio refletiu a trégua na crise e bateu R$ 2,34. O Banco Central vendeu dólares e contribuiu para derrubar os preços.
Na semana, a Bolsa acumula perda de 5,39%. Já o dólar teve uma alta de 2,05% no mesmo período.
O Ibovespa, indicador que reflete os preços das ações mais negociadas, avançou 0,49% no fechamento, aos 39.341 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,58 bilhões.
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Profissionais de mercado apontam para os US$ 439 bilhões de "garantia" ao Bank of America e Citigroup como o principal motivo para a valorização das ações desta sexta-feira.
"A Bolsa começou a semana nos 42 mil pontos e desceu rapidamente aos 37 mil, porque havia muito comentário sobre a fragilidade do sistema bancário americano", comenta Expedito Araújo, da mesa de operações da corretora Alpes. "Mas hoje foi como se aquela espada que pendia sobre a cabeça do mercado deixasse de existir O governo [dos EUA] mostrou hoje que ajudar o sistema financeiro é prioridade total", acrescenta.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,343 para venda, o que significa um decréscimo de 1,55% sobre a cotação de sexta-feira. A taxa de risco-país marca 437 pontos, número 4,79% abaixo da pontuação anterior.
Copom
O mercado formou nesta semana um relativo consenso de que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve promover um corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, na reunião da próxima semana.
"Os dados recentes de atividade econômica apontam para uma desaceleração muito mais acentuada do que o esperado e sem perspectiva de retomada no curto prazo", comenta a economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli, em boletim divulgado hoje. "O Copom deve dar início ao ciclo de flexibilização da política monetária em um ritmo mais acelerado, reduzindo a Selic em, pelo menos, 75 pontos em janeiro".
A ressalva contida na frase reflete o que muitos analistas apontaram em relatórios divulgados ao longo dos últimos dias: os efeitos da crise global sobre a economia brasileira já referendam uma redução ainda mais drástica, da ordem de 1 ponto percentual.
EUA
Mais indicadores de deterioração da economia americana foram divulgados hoje. A contração de 2% da produção industrial em dezembro, bem com a deflação vista nos preços ao consumidor, a pior desde 1954. Por outro lado, a confiança do consumidor teve ligeira recuperação neste mês, mas permanece em níveis baixos, devido ao temor dos americanos sobre a duração e a intensidade da recessão.
E o Bank of America reportou um um prejuízo de US$ 1,79 bilhão (US$ 0,48 por ação) no quarto trimestre do ano passado enquanto o Citigroup anunciou perdas de US$ 8,29 bilhões (US$ 1,72 por ação) no mesmo período.
À tarde, veio a notícia que a Circuit City, segunda maior cadeia dos EUA de lojas de produtos eletrônicos, informou nesta sexta-feira que chegou a um acordo com as autoridades americanas para liquidar suas operações e fechar as portas, após meses de procura por um comprador ou por um refinanciamento de suas dívidas, sem sucesso.
Mais cedo, as Bolsas operavam com bom humor devido à decisão do Senado americano, que ontem à noite liberou a segunda metade do plano de US$ 700 bilhões (o chamado "Tarp") para aliviar os efeitos da crise financeira no país.
Também ontem à noite, a imprensa americana adiantava que os democratas americanas já discutiam o pacote de US$ 825 bilhões em medidas de estímulo à economia. A ajuda de US$ 20 bilhões ao Bank of Americana ainda foi mais um fator que ajudou a melhorar o ambiente de negócios nesta sexta-feira.
No cenário doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que as vendas no comércio em novembro caíram 0,7%, na comparação com o mês anterior. Em relação a novembro de 2007, houve alta de 5,1%.