Demitido tem chance em campos de trabalho alternativos 25/01/2009
- André Lobato e Natalie Catuogno Consani - Folha de S.Paulo
Em dezembro, foram cortadas 655 mil vagas formais no país -- redução puxada pela indústria de transformação, que fechou 273 mil postos.
O anúncio, feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego no início da semana passada, traz à tona a preocupação desses e de milhares de outros desempregados: onde e como podem conquistar recolocação.
Para traçar essas possibilidades, a Folha consultou especialistas, sindicatos e associações sobre os possíveis percursos para encontrar um posto.
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O caminho pode estar no próprio setor de atuação do profissional, em outras áreas ou em segmentos da economia menos afetados pela crise.
Segundo Marcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o desempregado tende a se isolar. No entanto, a busca por emprego dá mais resultado se feita "em equipe". "Não se podem esquecer os eventos sociais, do aniversário do filho à reunião sindical", ressalta.
Indústria
O setor industrial, ainda que tenha cortado o maior número de vagas, tem alternativas para quem busca emprego.
"Setores vinculados ao mercado interno e associados ao PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e à informática devem oferecer vagas neste ano", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
"Um metalúrgico pode migrar para áreas que crescem a longo prazo, como a indústria naval, e buscar oportunidades na construção de estradas", diz Valter Sanches, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
O trajeto para uma nova vaga, no entanto, quase sempre passa pela qualificação.
Josenildo Dias Santos, 33, que operava máquinas da indústria automobilística e foi demitido no início do mês, planeja mudar de área. "Busco um curso para me qualificar na instalação de cabos telefônicos."
No segmento alimentício -- o subsetor da indústria de transformação que mais fechou vagas --, a ideia de recuperação é compartilhada pela maioria das associações e dos sindicatos ouvidos pela Folha.
Para José Eduardo dos Santos, secretário-executivo da Associação Gaúcha de Avicultores, o trabalhador que foi demitido deve procurar qualificação, "sempre bem-vinda".
"Há carência de mão-de-obra com mais escolaridade, que seja capaz de operar máquinas mais sofisticadas, como as com GPS", destaca Flavio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores.