Obama adia anúncio de resgate a bancos 09/02/2009
- Andrea Murta - Folha de S.Paulo
O governo de Barack Obama decidiu adiar o anúncio de um plano multibilionário do Tesouro dos EUA de resgate a bancos falidos para evitar tirar o foco do pacote de estímulo à economia em discussão no Congresso -uma prioridade. Os dois lados da ação governamental contra a crise continuavam sob discussão ontem.
Entre os passos previstos no plano de resgate do sistema financeiro estão um programa para dar garantias aos bancos contra grandes perdas em empréstimos imobiliários, uma nova rodada de investimento em financeiras, a ajuda para proprietários em risco de perda de imóveis e o alargamento de um programa do Fed para elevar a concessão de crédito.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, também afirmou que bancos que receberem ajuda federal serão forçados a modificar termos de empréstimos concedidos e a "se ajustar aos padrões" que forem estabelecidos. "Assistência pública é um privilégio, não um direito", disse.
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Geithner deveria anunciar o plano hoje. Mas Lawrence Summers, chefe do Conselho Econômico Nacional, disse que a divulgação será amanhã.
Os detalhes não foram finalizados. A parte mais difícil é o mecanismo para permitir que os bancos se livrem de ativos "podres". Por enquanto, Geithner quer uma parceria entre investidores privados -- que forneceriam a maior parte dos fundos -- e algum dinheiro do pacote de US$ 700 bilhões de resgate de Wall Street para comprar os títulos "tóxicos", sob garantias federais contra grandes perdas, segundo o "Wall Street Journal".
No Senado, líderes democratas expressaram otimismo ontem de que a lei final sobre o pacote de estímulo à economia, atualmente em US$ 827 bilhões, estaria aprovada e pronta para assinatura do presidente até o final desta semana.
Mas o sinal foi recebido com ceticismo: republicanos afirmam que tentarão adiar a votação do pacote, prevista para amanhã, e de toda forma o texto ainda terá de ser harmonizado com o aprovado na Câmara.
Obama, após três semanas de esforços frenéticos, decidiu adotar medidas drásticas. Ele anunciou uma volta aos tempos de campanha, com viagem a Indiana e Flórida para defender o pacote, e convocou para esta noite sua primeira entrevista coletiva na Casa Branca.
O texto que o Senado analisava ontem era uma fusão do acordo da sexta-feira, que cortou gastos e chegou a US$ 780 bilhões para agradar a republicanos, com emendas inicialmente aprovadas em plenário.
Os choques entre as versões das duas Casas estão principalmente na ajuda a governos locais e estaduais, em impostos e em programas para educação, saúde e energia renovável.
A ajuda a Estados e os programas receberam severos cortes. Já incentivos para compra de carros e imóveis foram acrescentados, e os cortes de impostos ampliados para cerca de 42% da lei.
Três senadores republicanos prometeram apoio ao pacote, o suficiente para alcançar os 60 votos necessários à aprovação no Senado -desde que todos os 56 democratas e dois independentes que votam com a situação se mantenham pró-pacote.