Prefeitos do Arco de Fogo reclamam da falta de apoio do governo federal 12/02/2009
- Renata Giraldi - Folha Online
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) disse nesta quinta-feira aos prefeitos e vice-prefeitos -- dos 36 municípios apontados como campeões de desmatamento na Amazônia -- que vários dos que estão na lista poderão ser retirados, se adotarem um plano de ação coordenada para recuperação da região. Mas alguns dos presentes na lista reclamam da falta de apoio da União nas ações e do excesso de atenção às atividades de repressão.
O prefeito de Nova Ubiratã (MT), Osmar Rossetto (PT), queixou-se que não tem apoio do governo federal nas ações necessárias para conter os avanços do desmatamento na região.
O município de Rosseto foi o que teve o maior aumento de destruição de forma regular: 618% de área desmatada, segundo os dados do Ministério do Meio Ambiente.
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"Até agora só teve repressão, desenvolvimento sustentável é só discurso. Para nós já está cansativo", disse ele.
O vice-prefeito de Porto Velho (RO), Emerson Silva (PMDB), também reclamou da falta de apoio dos governos federal e estaduais para incentivar a recuperação das áreas desmatadas. "Os municípios tem uma parcela de responsabilidade, mas os governos federal e estaduais também têm de assumir sua responsabilidade", afirmou.
Nesta quinta-feira, Minc apresentou uma série de imagens aéreas feitas pela Diretoria de Política de Combate ao Desmatamento, ligada ao Ministério do Meio Ambiente, sobre as áreas desmatadas. Foram gastos cerca de R$ 3,7 milhões. As imagens foram feitas no período de março a dezembro de 2008 -- quando foram vistoriadas 800 mil km2.
Nos próximos dias, Minc e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) deverão assinar um medida que determina a utilização do dinheiro obtido com a venda de madeira pirata para ajudar desempregados de carvoarias e madeireiras ilegais.
Antes da reunião, Minc disse que deverá ser criado o gabinete do desmatamento, uma espécie de comitê de controle para verificar as áreas desmatadas, na região da Amazônia Legal.
"O presidente Lula encomendou essa reunião com os 36 municípios porque ele próprio vai receber os representantes desses municípios em março. A ideia é estabelecer um pacto de mão dupla. Queremos que esses municípios ajudem a combater o desmatamento, fiscalizando e tirando alvará de quem está fora da lei", disse o ministro.
Em janeiro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou divulgar uma lista com a relação dos 36 municípios campeões em desmatamento na Amazônia.
Na ocasião, os dados oficiais indicavam que 50% de 3.235 km2 desmatados na floresta na Amazônia, nos últimos cinco meses de 2007, estão localizados em 19 municípios do Mato Grosso, 12 do Pará, quatro de Rondônia e um do Amazonas.
Na ocasião a então ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse que o desmatamento foi provocado pela pressão para elevar a produção de soja e carne -- uma vez que as commodities subiram --, além do período de eleições.
Porém, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), na época, negou a interpretação de Marina sobre as causas do desmatamento. Para ele, não houve aumento de produção agrícola ou bovina em áreas desmatadas.
Os municípios que integram a lista:
São Félix do Xingu (PA)
Alta Floresta (MT)
Altamira (PA)
Aripuanã (MT)
Brasil Novo (PA)
Brasnorte (MT)
Colniza (MT)
Confresa (MT)
Contriguaçu (MT)
Cumaru do Norte (PA)
Dom Eliseu (PA)
Gaúcha do Norte (MT)
Juara (MT)
Juína (MT)
Lábrea (AM)
Machadinho D'Oeste (RO)
Marcelândia (MT)
Nova Bandeirantes (MT)
Nova Mamoré (RO)
Nova Maringá (MT)
Nova Ubiratã (MT)
Novo Progresso (PA)
Novo Repartimento (PA)
Paragominas (PA)
Paranaíta (PA)
Peixoto de Azevedo (MT)
Pimenta Bueno (RO)
Porto dos Gaúchos (MT)
Porto Velho (RO)
Querência (MT)
Rondon do Pará (PA)
Santa Maria das Barreiras (PA)
Santana do Araguaia (PA)
São Félix do Araguaia (MT)
Ulianópolis (PA)
Vila Rica (MT)