Bovespa reflete nervosismo global e fecha com forte queda de 4,77% 17/02/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) amargou forte queda na jornada desta terça-feira, em meio à expectativa dos mercados quanto aos planos do governo americano para enfrentar a pior recessão dos últimos 70 anos. Em meio ao nervosismo generalizado, o câmbio atingiu R$ 2,32.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, desabou 4,77% no fechamento, aos 39.846 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,28 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York,que ainda opera, recua 3,80%. As Bolsas europeias concluíram os negócios com quedas da ordem de 3%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 2,328 na venda, em alta de 2,15%. A taxa de risco-país marca 452 pontos, número 6,60% acima da pontuação anterior. "Enquanto não houver algum resultado visível desses pacotes, o mercado ainda continuar dominado pelas incertezas", comenta Marcos Trabold, gerente de câmbio da corretora Trabold.
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O mercado pouco reagiu à sanção presidencial do pacote anticrise de US$ 787 bilhões, assinado hoje pelo presidente Barack Obama. E prevaleceu o temor quanto à delicada situação das montadoras, à beira da falência, e dos bancos, atolados nos chamados "ativos tóxicos" (créditos problemáticos).
"[A aprovação do pacote] foi uma notícia já bastante negociada pelas Bolsas na semana passada. O que importa é que prevalece o sentimento de mercado sobre a piora do nível de atividade da economia em geral", avalia Ronaldo Zanin, gestor da Advisor Asset Management. "Há um vaivém, entre a melhora das expectativas: quando saem notícias sobre os pacotes governamentais e uma piora, quando surgem mais dados que mostram a deterioração da economia global", acrescenta.
Entre as principais notícias do dia, a rede varejista americana Wal-Mart reportou lucro de US$ 3,79 bilhões (US$ 0,96 por ação) no trimestre encerrado no dia 31 de janeiro, contra US$ 4,09 bilhões (US$ 1,02 por ação), apurado no mesmo período de 2008. Analistas do mercado projetavam lucro de US$ 0,99 por ação.
A montadora alemã Daimler anunciou prejuízo líquido de 1,526 bilhão de euros no quatro trimestre (cerca de US$ 1,919 bilhão). Trata-se do primeiro resultado negativo da empresa num trimestre, desde que vendeu a marca Chrysler em 2007.
Também hoje a Eurostat -- a agência europeia de estatísticas -- informou que a zona do euro registrou em 2008 o maior déficit comercial de sua história, de 32,1 bilhões de euros (US$ 40,5 bilhões). Em 2007, a balança comercial da zona do euro havia registrado um excedente de 15,88 bilhões de euros (US$ 20 bilhões).
O dado sinaliza a gravidade da situação em que se encontra a economia da zona do euro. Na semana passada, a Eurostat informou que a economia do bloco de países que utiliza a moeda comum europeia teve uma queda recorde no quarto trimestre, de 1,5%, aprofundando a recessão em que está. Na União Europeia (UE) como um todo também houve uma queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto), lançando essa região em recessão.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que as vendas no setor varejista cresceram 9,1% em 2008, na comparação com o ano anterior. Em dezembro, no entanto, o comércio teve queda de 0,3% e, no quarto trimestre, a queda foi de 2,3% na comparação com o terceiro. Trata-se da terceira queda mensal consecutiva.