Bovespa valoriza 4,64% a reboque de cena global; dólar cai para R$ 2,35 10/03/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) recupera terreno perdido nos últimos três dias mantendo uma forte alta durante os negócios desta terça-feira. A disparada das Bolsas americanas combinada à expectativa de corte drástico dos juros básicos do país anima o investidor a voltar às compras. O câmbio recua para R$ 2,35.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, ganha 4,64% e atinge os 38.466 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,14 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York sobe 4,17%.
O dólar comercial é vendido por R$ 2,350, o que significa um declínio de 1,26% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 441 pontos, número 2,64% abaixo da pontuação anterior.
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou hoje que o PIB nacional caiu 3,6% na comparação do quarto trimestre com o terceiro no ano passado. Os analistas do setor financeiro mais pessimistas não esperavam uma contração maior que 3% para o mesmo período.
Para profissionais do mercado, o resultado pior do que esperado reforçou as apostas de que o Copom será "obrigado" a fazer "[um corte mais agressivo]";http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u532087.shtml na taxa básica de juros do país -- hoje em 12,75% ao ano --, provavelmente de 1,5 ponto percentual. Alguns economistas já projetam reduções maiores, de 2 pontos percentuais.
Analistas lembram que a Bolsa de Valores, em geral, é favorecida por juros mais baixos. Configurado o quadro de cortes mais drásticos da taxa Selic, a economia brasileira teria condições de se recuperar mais rápido da crise.
Recessão global
O mercado global repercute a notícia de que o grupo financeiro Citigroup teve lucro no primeiro bimestre. A diretoria do grupo informou, ainda em caráter preliminar, que o resultado operacional bateu a casa dos US$ 8,3 bilhões no período, o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2007. A notícia surpreende, e provoca uma valorização violenta das ações do banco, porque a instituição financeira foi um das mais afetadas pela crise financeira global.
O "fator Citigroup" ajuda o eclipsar outras notícias que fatalmente não cairiam bem para o mercado, principalmente num dia esvaziado de indicadores econômicos mais importantes. Na Europa, o Reino Unido registrou uma queda de 12,8% da produção industrial em janeiro, a pior retração desde 1981.
E o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, admitiu hoje que, pela primeira vez em décadas, a economia mundial pode encolher. "A deterioração contínua do contexto financeiro mundial, associado a uma queda da confiança dos lares e dos meios empresariais, sufoca a demanda interna em todo o mundo", afirmou ele.
O mercado ainda monitora a situação do setor corporativo nos EUA, onde grandes buscam novas injeções de recursos públicos para continuar operando. Hoje, uma equipe da Casa Branca conclui as visitas programadas na General Motors e Chrylser. O Tesouro dos EUA deve aprovar até o final deste mês os planos de viabilidade das duas empresas, apresentado para em fevereiro, para aprovar novos repasses de fundos federais.
A Fipe-USP registrou inflação de 0,24% no município de São Paulo na primeira quadrissemana de março (30 dias até o dia 7), pela leitura do IPC (Índice de Preços ao Consumidor). O índice havia registrado alta de 0,27% no encerramento de fevereiro e 0,49% na abertura do mesmo mês.