Bovespa segue NY e fecha em queda de 1,05% 16/03/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) operou boa parte do pregão desta segunda-feira em terreno positivo, mas cedeu na última hora de negócios, acompanhando de perto Wall Street. Os investidores se animaram com algumas notícias um pouco mais positivas sobre bancos nos EUA e na Europa, mas o sentimento de cautela ainda é dominante no mercado. O câmbio cedeu para R$ 2,27.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 1,05%, para os 38.607 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,08 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,10%.
O giro financeiro do dia embutiu o vencimento de opções deste mês, que movimentou R$ 1,4 bilhão. Uma vez por mês, o calendário da Bolsa prevê uma data para o exercício dos contratos chamados opções, em que investidores negociam direitos de compra ou venda de ativos financeiros (no caso, ações). Hoje, a opção mais exercida foi a compra de ação preferencial da Petrobras por R$ 25,32, com giro de R$ 202,98 milhões.
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"Hoje o apetite pelo risco está sendo reforçado por declarações do Barclays, afirmando que teve um começo forte em 2009. Outra expectativa positiva é a possibilidade de o Fomc anunciar na sua reunião desta quarta-feira a compra de títulos de longo prazo", avaliou Miriam Tavares, diretora da AGK corretora, em seu relatório diário sobre o mercado financeiro.
O dólar comercial foi cotado por R$ 2,277 para venda, em queda de 1%. A taxa de risco-país marca 427 pontos, número 2,51% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o Federal Reserve (banco central americano) revelou que a produção industrial dos EUA sofreu uma contração de 1,4% em fevereiro, número um pouco pior do que a projeção média dos analistas (1,3%). O nível de atividade da indústria retrocedeu para um patamar comparável a abril de 2002.
As notícias não foram melhores na Europa: os países da União Europeia perderam 672 mil postos de trabalho no último trimestre de 2008.
O mercado somente se animou com a notícia de que o banco britânico Barclays indicou resultados positivos no primeiro bimestre deste ano, a exemplo do que já foi anunciado pelos americanos Citigroup e Bank of America. E no final de semana, as declarações de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, sobre o final da recessão até o final deste ano, também contribuíram para melhorar o tom dos negócios nesta segunda-feira.
A reunião do G20 (grupo que reúne representantes dos países ricos e dos principais emergentes) serviu de pano de fundo para o desempenho positivo logo na abertura dos negócios. As maiores autoridades das principais economias do planeta reforçaram a disposição de tomar medidas agressivas contra a crise global, durante a reunião deste final de semana. Essa reunião, no entanto, não resultou em um conjunto de medidas efetivas, que somente devem surgir no próximo encontro, previsto para abril.
Brasil
No front doméstico, o boletim Focus mostrou que a maioria dos economistas do setor financeiro já espera um crescimento abaixo de 1% para 2009. Na edição anterior desse boletim, preparado pelo Banco Central, a projeção era de 1,2%.
A balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 138 milhões na segunda semana de março. Nas duas semanas, o saldo comercial é de US$ 422 milhões --valor 14,6% menor que o superávit apresentado em março do ano passado.
A consultoria Austin Ratings também revisou para baixo suas projeções e, em relatório divulgado hoje, estima um crescimento da economia de apenas 0,7% em 2009. "A expecttiva quanto ao início do processo de retomada econômica, que poderia ocorrer já no segundo trimestre (...), foi postergada para o terceiro trimestre deste ano", avalia o departamento de pesquisa econômica da consultoria. "A alteração em nossas expectativas decorreu, em boa parte, pela ampliação do quadro deletério da confiança do consumidor e do empresário brasileiro, que são os motores da economia".