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DIA A DIA

Produtor planta milho transgênico, mas ainda avalia viabilidade
16/03/2009 - Roberto Samora - Reuters

Agricultores no Paraná e Mato Grosso do Sul, que estão entre os três principais Estados produtores de milho na safrinha (segunda safra), dedicaram parte de suas áreas ao cultivo do grão transgênico nesta primeira temporada com plantio autorizado no Brasil, mas o uso em larga escala da tecnologia ainda esbarra na falta de sementes.

A baixa oferta de sementes de milho geneticamente modificadas na temporada 2008/09, no entanto, é vista como um fator até positivo, disseram fontes do setor produtivo, pois assim agricultores podem avaliar a viabilidade econômica do produto transgênico e evitar riscos após a quebra acentuada da primeira safra decorrente da seca.

"É até bom que tenha menos semente. No início, precisamos observar na prática a viabilidade", disse à Reuters o diretor-presidente da Coopavel Cooperativa Agroindustrial, Dilvo Grolli, com sede em Cascavel, no oeste do Paraná.


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A menor disponibilidade de sementes ocorre porque não houve tempo suficiente para a multiplicação das variedades, que só obtiveram o aval das autoridades brasileiras no ano passado.

A variedade que está dominando o mercado nesta safra, com um maior volume multiplicado, é o milho com tecnologia Bt, da Monsanto, resistente a insetos --outras empresas com milho aprovado estão se preparando para lançar o produto transgênico.

Em Mato Grosso do Sul, o produtor faz as contas sobre os custos e os benefícios do grão geneticamente modificado.

Segundo o gerente técnico da Copasul, com sede em Naviraí (MS), Antônio Meireles Flores, a área de atuação da cooperativa poderia ter fechado com 30 por cento de milho transgênico na safrinha, mas vai ficar em 10 por cento.

"A Monsanto fala que vai reduzir em até duas aplicações (de inseticidas) e colher três sacas a mais, mas o produtor quer conhecer melhor a tecnologia", disse Flores.

Ele observou que pagamento dos royalties pelo uso da tecnologia estaria, no momento, praticamente empatando os custos com os ganhos.

APESAR DA CAUTELA...

Apesar de cautelosos, os produtores mostram-se confiantes nos benefícios da tecnologia.

"O pessoal está contente pelas facilidades apresentadas... Com o transgênico, a lavoura necessita de menos tratos culturais. Sem o transgênico o agricultor tinha que entrar até três vezes na lavoura...", acrescentou Grolli, lembrando que a nova tecnologia pode reduzir a zero o índice de infestação.

O milho Bt combate a lagarta do colmo (caule), a do cartucho e da espiga, pragas que se não forem evitadas podem reduzir em até 60 por cento a produção.

Segundo o diretor-presidente da Coopavel, os associados da cooperativa adquiriram todas as sementes ofertadas pela Monsanto e deverão utilizar transgênico em 5 por cento da área plantada com a safrinha, cujo plantio já foi realizado em boa parte da área prevista.

"Além de reduzir custos operacionais com inseticidas, o fato de não entrar na lavoura com máquinas reduz o tombamento das plantas e deixa a terra menos compactada", observou Grolli.

RESTRIÇÕES

O milho geneticamente modificado, no entanto, enfrenta resistência da parte de alguns mercados consumidores, especialmente da Europa, para onde o Brasil realiza parte de suas exportações.

Plantando o milho convencional até a safra 2007/08, os brasileiros conseguiram um bom prêmio pelo produto. Tais valores adicionais já são pagos pela soja não-transgênica, plantada há alguns anos em larga escala no país --atualmente, a oleaginosa GM ocupa bem mais da metade da área semeada.

Mesmo diante das restrições de alguns consumidores, o milho transgênico poderia ter uma área ainda maior no país, considerando as vantagens dos menores custos operacionais nas lavouras, segundo analistas.

"O produtor só não vai plantar mais milho transgênico porque não houve semente suficiente", destacou André Pessoa, da Agroconsult, que percorreu na semana passada, com a expedição técnica Rally da Safra, as principais áreas produtoras do Paraná e Mato Grosso do Sul.

A organização internacional ISAAA, que acompanha o desenvolvimento de transgênicos no mundo, estima que o Brasil poderá semear em 2008/09, entre a safra de verão e a safrinha, cerca de 1,35 milhão de hectares, ou aproximadamente 10 por cento do total plantado no país.

  

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