Bovespa fecha em alta de 0,78% e ganha 6% no mês 19/03/2009
- Folha Online
A forte recuperação dos preços das commodities (matérias-primas) ajudou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a "descolar" da Bolsa de Nova York, onde os investidores optaram por embolsar os fortes ganhos dos últimos dias. As ações da Vale e da Petrobras, principalmente, puxaram a Bolsa brasileira, que emendou seu terceiro dia de alta. O câmbio desceu para R$ 2,24.
Na praça de Nova York, a cotação do petróleo valorizou 7,21% e bateu a casa dos US$ 51, acima dos US$ 50 pela primeira vez desde dezembro. O índice internacional que reflete o valor das principais commodities negociadas no mundo (soja, petróleo, minério de ferro etc), o CRB, também subiu com força: 5,30%.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, teve alta de 0,78% e atingiu os 40.453 pontos. O giro financeiro da Bolsa foi de R$ 4,73 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em retração de 1,15%.
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A ação preferencial da Vale teve alta de 1,26% enquanto a ação de mesmo tipo da Petrobras disparou 3,35%. Juntos, os dois papéis foram alvo de negócios da ordem de R$ 1,5 bilhão.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,249, em leve baixa de 0,08%. A taxa de risco-país marca 420 pontos, número 3,66% abaixo da pontuação anterior.
Investidores tiraram alguns dias de trégua da crise, animados com as perspectivas de que os bancos dos EUA e da Europa mais avariados pela crise financeira apresentem resultados positivos ainda neste primeiro trimestre. O anúncio do Federal Reserve (banco central dos EUA) também ajudou a melhorar o humor, com a sua disposição em aplicar mais de US$ 1 trilhão para "ressuscitar" o sistema financeiro americano.
O "lado real" da economia, no entanto, continua a assombrar o cenário. Hoje, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou sua projeção para o crescimento da economia mundial, onde projeta uma contração de 0,5% e 1%. Se confirmada, será a primeira recessão global em 60 anos. Para 2010, o organismo internacional estima um crescimento entre 1,5% e 2,5%.
E a agência de classificação de risco Fitch Ratings divulgou hoje um relatório em que aponta os prováveis impactos da crise global sobre a América Latina. "Enquanto o crescimento da demanda doméstica será amortecido pela titubeante demanda externa, a Fitch ainda espera que o consumo e o investimento serão afetados pelo desaquecimento da economia mundial, queda no nível de confiança doméstico, desemprego crescente e preços declinantes das commodities", afirma Shelly Shetty, diretora sênior do grupo de ratings soberanos da Fitch na América Latina.
"Como resultado, a Fitch projeta que o PIB [Produto Interno Bruto] da América Latina deve sofrer uma contração de 0,9% em 2009, com a estagnação da economia brasileira e a economia do México encolhendo mais de 2%", acrescenta.
Nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que o número de americanos que recebem o benefício do seguro-desemprego atingiu o número recorde de 5,47 milhões de pessoas.
O Copom (Comitê de Política Monetária) revelou que já conta com uma diminuição das pressões inflacionárias no país, por conta da crise internacional, o que cria 'um espaço adicional' para a redução da taxa básica de juros, hoje em 11,25% ao ano. A avaliação consta da ata relativa à reunião da semana passada, quando o Comitê promoveu um corte de 1,5 ponto percentual na taxa Selic.
Ainda no front doméstico, o governo brasileiro comunicou que a arrecadação federal encolheu 27% em fevereiro. Impostos e contribuições pagos somaram R$ 45,106 bilhões no mês passado, o pior resultado desde maio de 2006.