Mercado revê otimismo e Bovespa fecha em queda de 2,99% 30/03/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) queimou boa parte da "gordura" acumulada nas últimas semanas com dois pregões consecutivos de perdas. Investidores acompanharam de perto o desempenho negativo das Bolsas americanas, afetada pelas preocupações com o setor automobilístico e bancos. O câmbio doméstico bateu os R$ 2,33.
No mês, o câmbio tem desvalorização de 1,6%, enquanto a Bolsa registra ganho de 6,47% no mesmo período.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, retraiu 2,99% e desceu para os 40.653 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,62 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou com perdas de 3,27%.
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O dólar comercial foi vendido por R$ 2,332, em alta de 1,70% sobre a taxa de sexta-feira. A taxa de risco-país marca 424 pontos, número 2,91% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o governo brasileiro anunciou que vai manter a alíquota reduzida do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor automotivo por mais três meses, com o compromisso das montadoras de manter os empregos.
O Banco Central rebaixou sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,2% para 1,2% neste ano, seguindo uma tendência já antecipada pelo mercado financeiro. O boletim Focus, do mesmo BC, também mostrou que os economistas do setor financeiro continuam pouco otimistas: a mediana das projeções aponta para uma estagnação do país neste ano, com expectativa de crescimento zero.
A FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou deflação de 0,74% em março, pelo índice de preços IGP-M, utilizado como referência para o reajuste de aluguéis.
EUA
O dia foi bastante nervoso, com a rejeição, tanto pelo governo americano quanto canadense, dos planos de reestruturação apresentados pelas montadoras General Motors e Chrylser. A aprovação desses planos era a condição para que as duas gigantes do setor automobilístico recebessem mais ajuda federal.
O presidente dos EUA, Barack Obama declarou que o governo deve fornecer capital suficiente para a General Motors operar nos próximos 60 dias, o que não prática dá mais prazo para que a montadora reavaliar seu plano de reestruturação. O presidente da GM, Rick Wagoner, foi substituído hoje.
Pela manhã, Analistas também comentaram que o mercado financeiro avaliou mal a entrevista do secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, no final de semana, que alertou para a possibilidade de que mais recursos federais serão necessários para salvar os bancos, o que pode provocar um desgaste político bastante alto.
Empresas
O lucro líquido da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) praticamente dobrou entre 2007 e 2008, atingindo a casa dos R$ 5,774 bilhões no ano passado. O resultado teve impacto, entre outros fatores, da venda da participação da CSN na Namisa a um consórcio de acionistas, por R$ 7,2 bilhões. A ação ordinária da siderúrgica sofreu queda de 2,84%.
E na sexta-feira à noite, a Sadia anunciou o seu primeiro prejuízo líquido em 64 anos de sua história, com perdas de R$ 2,5 bilhões, em função de suas operações cambiais. Em 2007, a companhia havia registrado lucro líquido de R$ 768,348 milhões. O prejuízo foi provocado pelas perdas financeiras de R$ 2,7 bilhões, acima das previsões de analistas do setor financeiro. A ação preferencial da fabricante de alimentos teve alta de 1,66% no pregão de hoje.
"Em 2009, o grande desafio da empresa será equacionar a sua situação financeira para continuar mantendo as suas operações e os investimentos planejados para o ano (R$ 600 milhões)", comenta Denise Messer, analista da corretora Brascan". "
Acreditamos (...) que as ações da companhia continuarão com uma performance bastante volátil no curto prazo, reagindo a rumores de capitalização, principalmente relacionados a venda da empresa, incluindo uma possível fusão com a Perdigão", acrescenta.