DIA A DIA

Deputado do Ceará muda gabinete herdado de Clodovil e tira cobra naja
01/04/2009 - Márcio Falcão - Folha Online

Uma das principais marcas deixadas na Câmara pelo deputado Clodovil Hernandes (PR-SP), morto no último dia 17, não existe mais. O gabinete que chamou atenção pela decoração extravagante e pelo alto custo da reforma foi modificado pelo deputado Flávio Bezerra (PMDB-CE), que herdou o escritório.

Bezerra já ocupa o gabinete que fica no quarto andar do Anexo 4 da Câmara e preferiu utilizar móveis tradicionais. O ambiente idealizado pelo ex-estilista e ex-apresentador de televisão era considerado exótico porque apresentava peças diferentes, como a escultura da cobra Naja, que sustentava a mesa de vidro onde o deputado despachava. Clodovil negava, mas a escultura ficou conhecida como uma provocação à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) porque foi batizada de Marta.

Além da cobra, a mobília incluía um quadro de Clodovil com seus cães bem acima do sofá branco com brasões da República e uma grande máscara na parede. As modificações custaram R$ 200 mil e foram pagas com recursos próprios. Segundo o primeiro-secretário da Câmara, deputado Rafael Guerra (PSDB-MG), que administra a ocupação dos imóveis, Bezerra foi escolhido porque era o parlamentar há mais tempo na lista de espera por um gabinete maior.


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Com a morte de Clodovil, o gabinete foi bastante disputado. Mais de dez parlamentares chegaram a pedir ao comando da Câmara para ocupar o escritório, que é considerado privilegiado porque possui banheiro privativo. O deputado Welligton Fagundes (PR-MT), foi além e tentou emplacar um projeto de lei para transformar o ambiente em ponto turístico. A proposta não avançou.

Pela tradição da Câmara, os deputados com mais tempo de Casa e com mais de 65 anos têm preferência na escolha dos gabinetes. Clodovil, que era deputado de primeiro mandato e tinha 69 anos quando chegou ao Congresso, utilizou o fato de ser mais velho para ganhar o espaço.

Com a decisão do comando da Câmara, o suplente de Clodovil, deputado Paes de Lira (PTC-SP), que também sonhava em ficar com o gabinete e tinha prometido retomar a decoração original da Câmara, foi acomodado em uma sala de pouco mais de 30 metros quadrados, no Anexo 3, prédio chamado de "favelão" pelos parlamentares, por serem pequenos e com banheiros coletivos.

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