Itália prende suspeitos de saquear após tremor e promete pena severa 08/04/2009
- Folha Online com agências internacionais
A polícia prendeu dois italianos na cidade de Onna, na região de Abruzzo, por saquear bens no valor de 80 mil euros (R$ 233 mil) de lojas abandonadas após o forte terremoto que atingiu a região na última segunda-feira (6). O premiê italiano, Silvio Berlusconi, criticou o crime e afirmou que fará mudança na legislação italiana para incluir este tipo de delito.
Segundo reportagem do jornal italiano "Corriere della Sera", o governo já ampliou a vigilância nas áreas mais afetadas pelo terremoto, que foi seguido de mais de 400 réplicas --tremores secundários de intensidade menor que ocorrem depois de terremotos-- e destrui entre 10 mil e 15 mil edifícios, segundo a Defesa Civil.
A Agência de Proteção Civil italiana, que coordena os esforços de contenção de danos desde o terremoto, afirma que saqueadores "vem de diversas partes da Itália". Contudo, afirma o jornal, as forças de segurança afirmam que os apartamentos abandonados em Áquila, epicentro do tremor, não sofreram saques.
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Os policiais receberam seis denúncias de saques na cidade, mas nenhuma foi confirmada. O jornal relata ainda que um furgão cheio de carne foi até a cidade de Pizzoli para tentar vender o produto por 80 euros (R$ 233) o quilo. As pessoas que estavam no local denunciaram a venda à Proteção Civil e a polícia busca o responsável.
A vigilância diurna e noturna foi concentrada em lugares mais atingidos pelo tremor, em especial o centro de Áquila.
Questionado sobre os saques, Berlusconi afirmou que vai incluir um "novo tipo de delito" na legislação italiana para este tipo de crime e ressaltou que "as penas serão muito severas".
"Decidimos dar vida a este novo delito que, até o momento, não sabemos como chamará. Em qualquer caso, posso anunciar desde já que as penas serão muito severas", disse, citado pelo jornal.
Vítimas
Em entrevista coletiva em Áquila, para onde viajou pelo terceiro dia consecutivo, Berlusconi afirmou que nove corpos ainda não foram identificados e há 15 desaparecidos. A busca deve ser prolongada até o domingo de Páscoa (12), segundo informou o Ministério do Interior.
Os novos tremores -- de 3,5 e 3,7 graus de magnitude às 5 horas (no horário de Brasília) e 6:27 (1:27 no horário de Brasília) -- mantêm em alerta as 28 mil pessoas que, segundo Berlusconi, estão desabrigadas por causa dos terremotos. Cerca de 10 mil foram encaminhados pelas autoridades italianas para mais de 150 hotéis próximos à região afetada.
Na noite passada, as temperaturas chegaram a 4 graus Celsius em Áquila, onde boa parte dos desabrigados teve de passar a noite nos 31 acampamentos montados pelo governo ou até mesmo dentro de seus carros.
Berlusconi, que disse não ter dormido nos últimos dois dias, definiu a situação dos desabrigados como o "grande problema" enfrentado pelas autoridades que trabalham na zona. São mais de dois mil bombeiros, 1.500 militares, dois mil membros das forças da ordem e três mil voluntários.